O corpo do opositor russo de Vladimir Putin Alexei Navalni, morto na prisão de forma repentina e nebulosa no último dia 16, foi entregue a sua mãe, escreveu a porta-voz do ativista, Kira Iarmich, no X neste sábado (24).
Iarmish afirmou que não sabia se as autoridades permitiriam que um funeral fosse realizado “do jeito que a família deseja e do jeito que Alexei merece”.
Em vídeo divulgado na terça, Ludmila Navalnaia, 69, pediu a Putin que liberasse o corpo do filho. “Eu apelo a você, Vladimir Putin, a decisão depende só de você. Deixe-me enfim ver meu filho. Eu exijo que o corpo de Alexei seja entregue imediatamente, para que eu possa enterrá-lo de uma forma humanitária”, disse.
O apelo da mãe, que mora na Rússia e estava na cidade próxima da cadeia em que Navalni morreu, ecoou pedidos semelhantes feitos por aliados e advogados do ativista. Ele foi gravado em frente à prisão conhecida como Lobo Polar, no Ártico, para onde o opositor foi levado no fim de 2023.
A demora na liberação do corpo de Navalni levantou suspeitas entre seus aliados de que o governo russo esperava o efeito de um veneno usado para matá-lo se dissipar.
Em 2020, o ativista foi envenenado enquanto ajudava uma campanha oposicionista na Sibéria. Sua cueca foi encharcada num quarto de hotel com o agente neurotóxico Novitchok (novato, em russo), desenvolvido na antiga União Soviética e de uso conhecido por agentes secretos na Rússia.
Navalni, que acusou Putin diretamente pelo ataque, foi tratado n a Alemanha e voltou a Moscou em janeiro de 2021, para nunca mais sair da prisão. Ele havia violado a liberdade condicional em uma sentença suspensa, na visão da Justiça, por ter deixado o país em coma. Depois, sua pena foi aumentada até chegar a 30,5 anos.
O certificado de óbito de Navalni registra que ele morreu de “causas naturais”, segundo aliados.
Na quinta-feira (22), a viúva do ativista, Iulia Navalnaia, reuniu-se com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Segundo a Casa Branca, Biden expressou às duas sua admiração pela “extraordinária coragem e pelo legado” de Navalni.
Nesta sexta-feira (23), os EUA lançaram um novo pacote com 500 sanções contra a Rússia, que por sua vez anunciou mais avanços contra posições de Kiev no leste do país invadido em 24 de fevereiro de 2022.