Neste sábado (17), o ditador Nicolás Maduro afirmou que o candidato da oposição, Edmundo González, está “preparando sua fuga da Venezuela“. González enfrentou Maduro nas eleições presidenciais realizadas no dia 28 de julho e acusa o regime de fraude nos resultados do pleito.
“Onde está escondido Edmundo González Urrutia? Não foi que ele ganhou? Será que ganhou uma rifa para se esconder em uma caverna? Está metido em uma caverna, e está preparando sua fuga da Venezuela. Edmundo González Urrutia está levando o dinheiro e indo para Miami”, discursou o ditador aos gritos para uma multidão concentrada em frente ao palácio presidencial de Miraflores, na capital Caracas.
A reeleição do ditador para um terceiro mandato de seis anos foi anunciada um dia após o pleito —o líder do regime teria obtido 52% dos votos, contra 43% do opositor, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE). A oposição encabeçada por María Corina Machado afirma, por outro lado, ter cópias de mais de 80% das atas eleitorais que comprovam a vitória de González com 67% dos votos.
Como resposta, as autoridades venezuelanas abriram uma investigação penal contra Corina e González por “incitação à rebelião”, entre outras acusações. Maduro pediu a prisão de ambos, responsabilizando-os por atos de violência e acusando-os de comandar uma tentativa de golpe de Estado.
Desde então, ambos estão na clandestinidade. González não aparece em público desde o dia 30 de julho, enquanto Corina discursou para milhares de opositores durante uma manifestação realizada em Caracas neste sábado (17), em sua primeira aparição pública desde o dia 3 de agosto.
“Não vamos deixar as ruas”, disse a líder oposicionista em cima de um caminhão para milhares de apoiadores. “Faremos com que cada voto seja respeitado.” Após o fim da manifestação, o veículo utilizado como palco por Corina foi apreendido pela Polícia Nacional venezuelana.
“Desinflou, fracassou, nem a querem na oposição”, disse Maduro em referência à dirigente. Corina foi impedida pela Justiça eleitoral cooptada pelo chavismo de concorrer no pleito.
Quase três semanas após as eleições, o CNE ainda não divulgou os detalhes da apuração mesa por mesa, sob a alegação de que o sistema de votação foi alvo de um “ataque ciberterrorista”. Assim como Maduro, o órgão eleitoral acusa a oposição de falsificação das atas que apontam a eleição de González.