Um novo estudo realizado no Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, sugere que a nossa Lua passou por uma grande instabilidade em seu interior e, por isso, o satélite literalmente virou do avesso. Os cientistas perceberam que o mapa gravitacional da Lua se adapta melhor com o modelo sugerido; há décadas, a ciência vê a história do satélite de uma forma, mas a descoberta pode mudar isso.
Os pesquisadores também perceberam que a superfície da Lua é quimicamente assimétrica, algo que pode ter acontecido quando o manto do corpo celeste virou de cabeça para baixo. A ideia da reviravolta do manto lunar é antiga, mas só agora os cientistas conseguiram coletar evidências que apoiam a hipótese.
Foram realizadas uma série de simulações para compreender o que pode ter acontecido com a Lua há milhares de ano; uma delas aponta que as anomalias gravitacionais do corpo celeste são consistentes com a presença de rochas densas e ricas em minerais. O estudo foi publicado na revista científica Nature Geoscience.
“No entanto, apesar das abundantes evidências geoquímicas, faltam evidências físicas sobre a natureza da reviravolta. Aqui combinamos inversões de gravidade com modelos geodinâmicos para esclarecer este estágio crítico da evolução lunar. Mostramos que o padrão poligonal observado de anomalias de gravidade linear que circundam a região do mar próximo é consistente com a assinatura dos cumulados contendo ilmenita que permaneceram após a reviravolta global do manto nos locais de ressurgências anteriores em forma de folha”, os pesquisadores descrevem no estudo.
A Lua virou do avesso
Os resultados do artigo apontam que essa reviravolta ocorreu há aproximadamente 4,22 bilhões de anos, quando a Lua havia acabado de se formar a partir de um pedaço que se separou da Terra — não há provas de que o corpo celeste se formou assim, mas a comunidade científica concorda com o cenário citado.
A ilustração apresenta as regiões onde surgiram o material do manto lunar que foi parar na superfície durante a reviravolta.Fonte: Adrien Broquet / University of Arizona / Audrey Lasbordes
Outra evidência é que as rochas vulcânicas são mais proeminentes no lado da Lua voltado para a Terra. Os pesquisadores apontam que isso acontece porque a Lua estava coberta por magma quando se formou, criando o manto e a crosta externa da Lua. As simulações descrevem que o magma abaixo da crosta pode ter cristalizado em minerais mais densos, como ilmenita.
Nos anos que passaram, esses materiais mais densos afundaram e se misturaram com o manto. Dessa forma, a Lua virou do avesso e parte desses minerais acabou retornando para a superfície lunar devido aos fluxos de lava.
“As anomalias gravitacionais confirmam a previsão de que o afundamento final destes materiais densos tomou a forma de ressurgências em forma de folha e que estas características podem ser preservadas ao longo da história geológica, enquanto restringem o momento da reviravolta. Assim, o campo gravitacional lunar preserva um registro crítico da reviravolta do manto lunar que tem sido amplamente postulado como um dos eventos definidores do início da história lunar, mas cujos detalhes até agora permaneceram desconhecidos”, o artigo acrescenta.
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