Todas elas foram pioneiras: com suas eleições, tornaram-se as primeiras mulheres eleitas presidentes pelo voto popular em seus respectivos países na América Latina. Agora, com a mexicana Claudia Sheinbaum, serão oito ao todo.
O México se junta a Brasil, Nicarágua, Panamá, Chile, Argentina, Costa Rica e Honduras como um dos que elegeram uma mulher para o cargo.
A contagem deixa de fora líderes que não foram escolhidas como presidentes nas urnas, a exemplo de Isabelita Perón, 93, que assumiu a Presidência argentina em 1974 quando era vice e primeira-dama após a morte de seu marido, o presidente Juan Domingo Perón (1895-1974).
Também vice, a peruana Dina Boluarte assumiu a Presidência após a destituição de Pedro Castillo pelo Congresso, em dezembro de 2022. O mandato vai até julho de 2026, mas Boluarte tem um governo frágil e já escapou de ser igualmente removida pelo Legislativo.
Há também o caso da boliviana Jeanine Áñez, que mais recentemente, em 2019, se autoproclamou presidente do país após a renúncia de Evo Morales. Ela era segunda vice-presidente do Senado e se declarou no poder após os superiores na hierarquia da República terem renunciado. Áñez foi condenada a dez anos de prisão por golpe de Estado.
Relembre a passagem de cada uma das líderes eleitas pela Presidência.
Violeta Chamorro, Nicarágua (1990-1997)
Foi eleita em 1990 na Nicarágua após derrotar o hoje ditador Daniel Ortega. Seu marido, um renomado jornalista, fora assassinado em 1978 pela ditadura de Anastasio Somoza, que o sandinismo de Ortega derrotou. Ela ajudou a pavimentar a democracia no país até 1997.
Hoje com 94 anos, recebe cuidados médicos na Costa Rica, onde alguns de seus filhos são exilados políticos. A família tem sido perseguida pela ditadura de Ortega e de sua esposa, Rosario Murillo. Alguns membros tiveram bens expropriados e a nacionalidade retirada.
Mireya Moscoso, Panamá (1999-2004)
Produtora de café, foi eleita presidente do Panamá em 1999 com o capital político de seu marido, o ex-presidente Arnulfo Arias, lendário caudilho que governou por três breves mandatos, interrompidos por golpes militares.
Permaneceu no cargo até 2004. No início de seu governo, presidiu a passagem do canal, por parte dos EUA, para o país, quando os panamenhos obtiveram sua total soberania no território e se encerrou a centenária presença americana no país. Moscoso tem 77 anos.
Michelle Bachelet, Chile (2006-2010; 2014-2018)
De esquerda, foi eleita pela primeira vez no Chile em 2006 e governou até 2010. Depois, a pediatra voltou ao poder em 2014 e ficou até 2018. O país não permite reeleição. Foi torturada na época da ditadura militar do país ao lado de sua mãe, e seu pai, um militar que se opôs ao golpe de Augusto Pinochet, foi assassinado.
Após deixar o cargo, tornou-se alta comissária da ONU para direitos humanos, cargo que deixou em 2022 após uma gestão polêmica no tema dos uigures, minoria perseguida na China. Tem 72 anos.
Cristina Fernández Kirchner, Argentina (2007-2015)
Então senadora, foi eleita pela primeira vez em 2007 para suceder seu marido, Néstor Kirchner. Posteriormente, foi reeleita em 2011. É a principal figura da política argentina viva atualmente. Voltou à Casa Rosada em 2019, como vice do peronista Alberto Fernández.
Teve um governo de confrontos com o então presidente. A vitória de Fernández, aliás, foi atribuída à popularidade de Cristina entre a esquerda local. É investigada em casos de corrupção e tem 71 anos.
Laura Chinchilla, Costa Rica (2010-2014)
Oriunda da política tradicional costarriquenha, foi eleita em 2010, quando era vice, para a Presidência. Já havia atuado como ministra da Segurança Pública e da Justiça. Social-democrata, tinha uma posição conservadora na agenda de costumes, sendo contra o direito ao aborto e ao casamento do mesmo sexo. Tem 65 anos.
Dilma Rousseff, Brasil (2011-2016)
Ex-ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, foi o nome indicado pelo ex-presidente Lula para representar o PT nas eleições de 2010 e venceu. Foi reeleita em 2014, na disputa mais acirrada da história do Brasil, mas sofreu um processo de impeachment que encurtou seu governo em 2016, acusada de pedaladas fiscais.
Foi presa política e torturada na ditadura militar brasileira. Após anos fora da vida pública, em 2023 foi eleita presidente do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), o banco do grupo de nações emergentes Brics. Tem 76 anos.
Xiomara Castro, Honduras (2022-atualidade)
Eleita em 2021 em Honduras, tomou posse no ano seguinte apoiada pelo marido, o ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por um golpe de Estado em 2009 e que passou quatro meses refugiado na embaixada do Brasil. Tem 64 anos.
Claudia Sheinbaum, México
Eleita presidente do México neste domingo (2) segundo pesquisas de boca de urna, assumiria no próximo 1º de outubro. É apadrinhada política do presidente Andrés Manuel López Obrador e foi chefe de governo da capital Cidade do México. É física e tem 61 anos.
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