O líder dos separatistas da Armênia da região de Nagorno-Karabakh cancelou nesta sexta (22) a dissolução das instituições políticas deste território, que estava prevista para 1º de janeiro. Os rebeldes foram expulsos da região, situada no vizinho Azerbaijão, em setembro.
“Não há documento que preveja a dissolução das instituições governamentais da República de Artsakh”, disse Samvel Shahramanyan, o presidente da região, em uma reunião com outros líderes em Ierevan. Artsakh é o nome dado pelos separatistas armênios ao enclave de Nagorno-Karabakh.
O território de maioria armênia proclamou sua independência unilateralmente em 1991 após a queda da União Soviética. Desde então, tem sido disputado entre o Azerbaijão e os separatistas armênios e foi palco de duas guerras, uma entre 1988 e 1994 e outra em 2020, vencida pelo Azerbaijão.
Sua dissolução estava prevista desde o final de setembro em um decreto de Shahramanyan e estabelecia para isso o dia 1º de janeiro de 2024, mais de 30 anos após sua criação.
No entanto, o escritório de Shahramanyan disse à agência de notícias AFP nesta sexta que o decreto não passa de um “papel vazio”. “Nenhum documento pode levar à dissolução da República, que foi estabelecida pela vontade do povo”, afirmaram os serviços do líder separatista.
Contudo, na prática Shahramanian não tem autoridade para decidir sobre o enclave desde setembro, quando o Azerbaijão lançou uma ofensiva e assumiu o controle de toda a região montanhosa.
Após a operação militar de 24 horas, as autoridades do Azerbaijão prenderam vários representantes separatistas e quase todos os habitantes da região abandonaram o território —100 mil dos 120 mil registrados fugiram para a Armênia.
Foi nesse momento, dez dias depois que o Azerbaijão recuperou o controle do enclave, que Shahramanian assinou um decreto sobre a dissolução de todas as instituições governamentais da república separatista em 1º de janeiro de 2024. Consequentemente, a República de Nagorno-Karabakh deixará de existir, afirma o documento.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, visitou a cidade de Shusha, a principal cidade de Alto Karabakh, em meados de outubro e hasteou lá a bandeira do Azerbaijão. Além disso, convocou eleições antecipadas para 7 de fevereiro para renovar o governo, que ele lidera desde 2003, após a morte de seu pai.