O Conselho de Segurança da ONU abriu a semana debatendo a representação africana no órgão sob proposta da presidência que este mês é exercida pela Serra Leoa. A sessão foi liderada pelo chefe de Estado serra-leonês, Julius Maada Bio.
A seguir ao encontro, Bio concedeu uma entrevista à ONU News enfatizando que deve ser mantido o otimismo e impulsionada essa aspiração que já consta da agenda da ONU há mais de 40 anos.
“Injustiça ao continente africano”
O líder serra-leonês pede um espírito renovado em um mundo em mudança com líderes surgindo e desaparecendo. Bio disse estar tentando convencer os homólogos na África e no mundo sobre a injustiça ao continente.
Com o aproximar dos 80 anos das Nações Unidas, Julius Maada Bio afirma que não se pode seguir com a estrutura e configuração atuais do Conselho de Segurança, que considera injusta com um continente com mais de 1,3 bilhão de pessoas.
Bio justifica seu otimismo ressaltando que a África e o mundo devem apoiar totalmente esse processo que ocorre em um momento em que se debatem temas como democracia, justiça e representatividade.
Para ele, a sub-representação africana no Conselho de Segurança, tanto no nível dos membros permanente ou não permanentes, afeta a legitimidade do órgão porque seu mandato “não pode ser facilmente executado na África” sem visões de países da região.
Impulso e compromissos do P5
Bio disse que há agora um impulso necessário e compromissos assumidos por todos os representantes dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, também conhecidos como P5, o que chamou de “luz no fim do túnel”.
Nessa nova realidade, ele aponta como sua missão “aumentar a consciência do mundo de que o continente também atingiu a maioridade”.
O presidente da Serra Leoa ressaltou que África representa 54 dos 193 Estados-membros das Nações Unidas devendo, por isso, “deixar de ser apenas território para guerras por procuração e ser usado por outros.”
Lideranças africanas
Ele enfatiza que o continente “tem uma voz, conhece seus problemas e deve ter a palavra”, uma vez que ocupa mais de 60% das questões discutidas no Conselho de Segurança e acolhe a maioria das atividades do órgão.
O chefe de Estado da Serra Leoa defende que as lideranças africanas precisam “despertar novamente e perceber que não se pode integrar uma organização mundial e não fazer parte de seu principal órgão, o Conselho de Segurança.”
Segundo Bio, após vários anos de provações e tribulações, muito foi aprendido da parceria africana com as Nações Unidas, várias outras instituições e Estados.