Para o secretário-geral da ONU, a decisão do Equador de entrar à força na Embaixada do México no sábado e prender um ex-vice-presidente do país andino sob acusações de corrupção representa o desrespeito a um princípio fundamental do direito internacional.
Em um comunicado divulgado na noite de sábado, António Guterres disse estar alarmado com a incursão pelas forças de segurança equatorianas na embaixada mexicana localizada na capital Quito, que levou à detenção de Jorge Glas.
Relações internacionais sob risco
O secretário-geral reafirmou “o princípio fundamental da inviolabilidade das instalações e do pessoal diplomático e consular, sublinhando que este princípio deve ser respeitado em todos os casos, de acordo com o direito internacional”.
Segundo agências de notícias, o México concedeu asilo a Glas, que estava abrigado na embaixada, mas o governo do presidente equatoriano, Daniel Noboa, argumentou que as regras diplomáticas normais eram inválidas devido às acusações de corrupção que enfrentava.
O líder da ONU ressaltou que as violações deste princípio “comprometem a busca de relações internacionais normais, que são críticas para o avanço da cooperação entre os Estados”.
Apelo à solução por meios pacíficos
A violação da embaixada e a prisão levaram o México a suspender as relações diplomáticas com o Equador. Governos da região também criticaram a incursão na embaixada, incluindo Brasil, Colômbia, Argentina e Uruguai.
Glas estava na embaixada desde dezembro. Postagens nas redes sociais mostraram-no sendo levado por um comboio policial ao aeroporto da capital, antes de ser levado de avião para a maior cidade do Equador, Guayaquil.
António Guterres apelou à moderação e pediu que ambos os governos resolvam as diferenças “através de meios pacíficos”.
Segundo agências de notícias, a invasão à embaixada ocorreu após o México conceder o pedido de asilo de Glas na sexta-feira. O antigo vice-presidente enfrenta novas acusações de corrupção, tendo sido condenado em 2017.