A seleção brasileira teve de cara, na rodada de abertura da temporada de campeonatos europeus, uma notícia péssima.
No começo do segundo tempo da partida do Real Madrid contra o Athletic, em Bilbao, o zagueiro Éder Militão rompeu ligamento do joelho esquerdo.
A lesão é séria, exige cirurgia e o afastará dos campos por um longo período.
Militão, 25, esteve na Copa do Mundo do Qatar-2022, na qual atuou improvisado na lateral direita, e atuou como titular, na zaga central, nos três amistosos que o Brasil disputou neste ano sob o comando do interino Ramon Menezes, contra Marrocos. Guiné e Senegal.
Ramon perdeu a posição de interino depois da derrota por 4 a 2 para os senegaleses, em junho, e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) o substituiu por Fernando Diniz, técnico do Fluminense, que ficará no cargo até a esperada chegada de Carlo Ancelotti –treinador de Militão no Real–, na metade de 2024.
Até lá, a seleção brasileira tem seis jogos pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 (com sede tripla: EUA, Canadá e México), todos neste ano.
Os dois primeiros serão em setembro (Bolívia em casa, dia 8, e Peru fora, dia 12), e Diniz fará a convocação para eles nesta sexta-feira (18).
O técnico deve elencar quatro zagueiros na lista, e um nome é certo, o de Marquinhos, do Paris Saint-Germain, titular na Copa qatariana e considerado titular inconteste.
O companheiro de zaga de Marquinhos, 29, no Mundial foi Thiago Silva, 38, que depois da eliminação avisou que sua história como jogador da seleção estava encerrada –continua jogando pelo inglês Chelsea. Assim, Militão herdou a posição.
Com o jogador do Real lesionado, abre-se um buraco na zaga do Brasil, e aguarda-se a lista de Diniz para que se possa analisar quem atuará ao lado de Marquinhos nas partidas vindouras.
Como Diniz não tem histórico de convocações, já que esta será a primeira que fará, é difícil prever quem serão os chamados.
Na Copa do Mundo, Tite levou Bremer, 26, da Juventus, que jogou toda a partida contra Camarões (fase de grupos) e entrou nas oitavas diante da Coreia do Sul. Ramon o convocou para o amistoso contra Marrocos, contudo ele permaneceu no banco.
Prestigiados com Ramon estiveram Ibañez, 24, titular na derrota para os marroquinos e reserva diante de Guiné e Senegal, e o ainda teen Robert Renan, 19, reserva todo o tempo nos amistosos.
O primeiro trocou neste meio de ano a Roma pelo Al Ahli, da Arábia Saudita. O segundo, ex-Corinthians, está no Zenit, da Rússia.
Caso olhe para fora do Brasil, além dos citados Bremer, Ibañez e Robert Renan, uma opção lógica seria Gabriel Magalhães, 25, quarto-zagueiro do inglês Arsenal, que esteve cotado para ir à Copa-2022.
Diniz tem, todavia, algumas alternativas caseiras. Ao optar por uma ou mais delas, estaria dando oportunidade a atletas em boa fase no Campeonato Brasileiro.
O treinador não tem como convocar o melhor zagueiro, já faz tempo, em atividade no Brasil. Gustavo Gómez, capitão e xerifão do Palmeiras, é paraguaio.
Porém há pelo menos dois beques que fazem por merecer uma convocação pelas atuações recentes.
O primeiro é Adryelson, 25, do líder disparado Botafogo. Ele e o argentino Victor Cuesta são os titulares da defesa menos vazada do Brasileiro: 11 gols em 19 partidas.
O segundo é Nino, 26, a quem Diniz conhece muito bem, já que o treina no Fluminense. A confiança do técnico nele é grande. Seu parceiro ora é Felipe Melo, ora é David Braz, ora é Marlon –mas Nino, em condições, joga sempre.
Outros nomes decentes são Murilo, 26, do Palmeiras, que é zagueiro-artilheiro, e Beraldo, 19, revelação do São Paulo.
É de se esperar que pelo menos um dos mencionados que defendem clubes brasileiros sejam lembrados por Diniz. Sem menosprezar os que estão no exterior, seria justo, pois cada um deles mostrou ter qualidades para vestir a camisa amarela.
De toda forma, a responsabilidade do eleito para ladear Marquinhos, após disputa entre os convocados nos treinamentos, será enorme, já que a retaguarda da seleção tem tido problemas no pós-Copa.
A seleção de Tite podia ter certas deficiências, mas a defesa não era uma delas. Nas 81 partidas com o treinador, o Brasil só tomou mais de um gol em duas, no 1 a 2 para a Bélgica na Copa de 2018 e no 2 a 2 em amistoso com a Colômbia, em 2019. E não levou gol em 54 delas.
Nos três amistosos com Ramon, o Brasil se mostrou surpreendentemente esburacado, levando um total de sete gols (dois do Marrocos, um da Guiné e quatro do Senegal).
Eis um desafio para Diniz, eis um desafio para os zagueiros: voltar a fazer do Brasil uma seleção de respeitável robustez defensiva.