O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, supervisionou um exercício de simulação de “contra-ataque nuclear” como uma resposta a ações militares de outros países. A informação foi divulgada pela agência de notícias estatal KCNA nesta terça-feira (23).
As manobras, realizadas na segunda-feira (22), mostraram pela primeira vez o sistema norte-coreano de gestão do “gatilho nuclear”, segundo a agência. A KCNA destacou que os mísseis “atingiram seu alvo”, a 352 quilômetros de distância. “Kim dirigiu uma manobra tática combinada que simula um contra-ataque nuclear com unidades de foguetes múltiplos supergrandes. Ele apreciou a precisão dos mísseis”, informou a estatal.
O exercício avaliou “a confiabilidade dos sistemas de comando, administração, controle e operação de toda a força nuclear”, de acordo com a agência oficial norte-coreana.
O Exército Maior Conjunto sul-coreano afirmou na segunda-feira que os mísseis norte-coreanos foram lançados a partir da região de Pyongyang e percorreram quase 300 quilômetros, antes de cair no mar ao leste da península da Coreia.
A KCNA ainda destacou que as manobras foram uma resposta aos exercícios aéreos conjuntos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, que aconteceram de 12 a 26 de abril.
O lançamento “é um exercício elaborado para demonstrar como o regime de Kim responderia a um bombardeio aéreo de Pyongyang das forças aéreas conjuntas dos EUA e da Coreia do Sul”, afirmou Han Kwon-hee, da Associação Coreana de Estudos da Indústria de Defesa, à AFP.
Os dois países afirmaram que exercícios serviram para “demonstrar a letalidade do seu domínio aéreo e aumentar a sua capacidade de dissuadir, defender e derrotar qualquer adversário”.
Este foi o segundo lançamento em menos de uma semana da Coreia do Norte. Na sexta-feira (19), o regime testou uma “ogiva supergrande” desenvolvida para um míssil de cruzeiro estratégico, informou a imprensa estatal.
O exercício da semana passada aconteceu depois de a Rússia vetar uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, no final de março, sobre o sistema de vigilância imposto à Coreia do Norte por violações das sanções relacionadas a seu programa nuclear.
A polícia da Coreia do Sul informou nesta na terça-feira que os principais grupos de hackers norte-coreanos realizaram ataques cibernéticos “completos” contra empresas de defesa sul-coreanas por mais de um ano, invadindo as redes internas das empresas e roubando dados técnicos.
Equipes de hackers ligadas ao aparato de inteligência da Coreia do Norte e conhecidas como Lazarus, Kimsuky e Andariel plantaram códigos maliciosos nos sistemas de dados das empresas de defesa, disse a polícia.
Órgãos de segurança sul-coreanos trabalharam com uma equipe de especialistas da agência nacional de espionagem e do setor privado. Assim, rastrearam os hacks e até os grupos, identificando-os pelos endereços IP de origem, a arquitetura de redirecionamento dos sinais e as assinaturas dos malwares utilizados.
A Coreia do Sul emergiu como um grande exportador global de defesa, com contratos assinados nos últimos anos para vender obuses mecanizados, tanques e jatos de combate avaliados em bilhões de dólares.
A polícia não informou o nome das empresas que foram hackeadas ou a natureza dos dados violados. A Coreia do Norte nega envolvimento em operações de hacking.