Os nomes de mais de 150 pessoas associadas ao bilionário americano Jeffrey Epstein, encontrado morto na prisão em 2019 após ser acusado de tráfico sexual de menores, devem vir a público nos próximos dias.
Isso foi possível graças a uma decisão de uma juíza de Nova York que retirou o segredo de Justiça de um processo envolvendo a socialite britânica Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein.
Espera-se que a divulgação desses nomes aumente a compreensão sobre a rede de tráfico sexual comandada por Epstein e Maxwell. O círculo social do casal envolvia figuras de destaque do mundo da política, dos negócios e até mesmo da realeza britânica.
Nos documentos judiciais que estavam sob segredo de Justiça, 187 indivíduos diferentes são citados, todos com a alcunha de ‘J Doe’ (termo em inglês usado para pessoa desconhecida). Agora, a maioria deles terá seus nomes verdadeiros revelados.
Por que esses nomes serão divulgados?
Os nomes serão revelados no âmbito de uma ação judicial contra Maxwell, filha de um magnata da mídia britânica. Ela cumpre pena de 20 anos de prisão pelos crimes que cometeu com Epstein.
O processo por difamação foi movido por Virginia Giuffre, uma das acusadoras de Maxwell —e, na época, os nomes foram mantidos em segredo sob sigilo ordenado pelo tribunal. Em dezembro, uma juíza de Nova York decidiu que eles poderiam agora ser divulgados.
O que a juíza disse sobre os nomes?
A juíza Loretta Preska afirmou que muitos dos indivíduos citados no processo já foram identificados publicamente pela imprensa ou no julgamento de Maxwell. Ela acrescentou que muitos outros “não levantaram objeções” à divulgação dos documentos.
Alguns dos nomes da lista permanecerão preservados, incluindo os das vítimas que são menores de idade, disse a juíza em sua decisão. E alguns indivíduos podem ter aparecido mais de uma vez sob diferentes alcunhas, de modo que o número exato de nomes que virão a público é desconhecido.
Quais nomes podem estar na lista de Epstein?
Acredita-se que a lista inclua nomes de acusados de irregularidades, de acusadores e de potenciais testemunhas de crimes. Nomes de funcionários de Epstein ou de pessoas que visitaram sua casa ou viajaram em seu avião particular também devem aparecer na lista.
Acredita-se que o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth 2ª e irmão do rei Charles 3º, do Reino Unido, seja um desses nomes. O processo inclui 40 documentos judiciais de uma mulher que fez acusações contra o príncipe.
Em depoimento, Johanna Sjoberg disse que o príncipe Andrew apalpou seu seio enquanto estava sentado em um sofá no apartamento de Epstein em Manhattan, em 2001. O Palácio de Buckingham disse anteriormente que as alegações são “categoricamente falsas”.
No ano passado, o príncipe pagou milhões a Giuffre para encerrar uma ação judicial que ela moveu contra ele alegando ter sido abusada sexualmente quando tinha 17 anos. Andrew alega que nunca a conheceu e negou as acusações. Apesar disso, uma foto que circulou amplamente na imprensa mostra os dois juntos ao lado de Maxwell.
Por que Bill Clinton está na lista de Epstein?
O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton é mencionado mais de 50 vezes nos documentos judiciais, segundo a emissora americana ABC News. Mas não há implicação de qualquer ilegalidade.
Ele viajou no avião de Epstein em viagens humanitárias à África no início dos anos 2000 e, na época, elogiou Epstein como um filantropo comprometido.
A equipe de Clinton disse anteriormente que ele cortou relações com Epstein antes de o financiador ser investigado. O ex-presidente alega que não tinha conhecimento sobre os crimes de Epstein.
Muitas das menções nesses processos judiciais se devem às tentativas malsucedidas de Giuffre de fazer o ex-presidente testemunhar sobre seu relacionamento com Epstein, segundo a ABC.
Quem foi Jeffrey Epstein?
Jeffrey Epstein foi um financista americano que morreu na prisão em 2019. Sua morte, enquanto aguardava julgamento por tráfico sexual, foi descrita como suicídio por médicos legistas, mas ainda permanece envolvida em polêmica, com várias teorias da conspiração circulando na internet.
Epstein foi acusado de comandar uma “vasta rede” de exploração sexual de menores de idade. Ele sempre se declarou inocente.
Uma década antes, Epstein havia sido condenado por solicitação de prostituição de uma menor de idade.
Este texto foi originalmente publicado aqui.