Uma mulher de 90 anos que ficou presa por cinco dias sob escombros após o terremoto que atingiu o Japão no Ano-Novo foi resgatada com vida neste sábado (6) na cidade de Suzu. Ela foi levada a um hospital para receber tratamento e respondia claramente às perguntas dos socorristas, de acordo com a emissora pública NHK.
Ao menos 128 pessoas morreram no sismo de magnitude 7,5 que atingiu a península de Noto no primeiro dia do ano, na costa oeste do arquipélago, e 195 ainda estão desaparecidas, de acordo com novo balanço divulgado no domingo. Além disso, há 560 feridos.
O terremoto e suas centenas de réplicas derrubaram casas, causaram incêndios e desencadearam um tsunami com ondas de mais de um metro de altura.
A esperança de encontrar sobreviventes geralmente desaparece três dias após um terremoto, mas a idosa resgatada passou cinco dias sob os escombros de uma casa desabada em Suzu antes de ser salva.
“Segure firme!”, gritavam os socorristas sob a chuva, segundo um vídeo filmado pela polícia e divulgado pela mídia local. “Tudo vai dar certo”, “mantenha-se positiva”, pediam a ela.
Muitos não tiveram tanta sorte. Na cidade de Anamizu, um homem de 52 anos que perdeu seu filho de 21 anos e seus sogros esperava notícias de outros membros de sua família. “Espero que estejam vivos, não quero ficar sozinho”, disse à NHK.
Muitas comunidades na península de Noto ficaram isoladas após o tremor destruir estradas e provocar deslizamentos de terra que bloqueiam a passagem de veículos de resgate. O mau tempo e a queda de neve prevista para este domingo ameaçam dificultar a missão dos milhares de policiais, soldados e outros socorristas mobilizados.
A previsão do tempo pode piorar ainda as condições de mais de 30 mil pessoas instaladas em 366 abrigos do governo devido à dificuldade de levar suprimentos a essas áreas, que sofrem cortes de água e eletricidade.
“A prioridade tem sido resgatar as pessoas que estão sob os escombros e chegar às comunidades isoladas”, disse o primeiro-ministro Fumio Kishida em entrevista à NHK neste domingo (7). O Exército enviou pequenos grupos de soldados a pé para cada uma das comunidades isoladas, segundo o premiê. O governo também “implantou vários helicópteros da polícia e dos bombeiros (…) para acessá-las pelo ar”, acrescentou.
Em meio à destruição generalizada na cidade de Wajima, a tradicional porta vermelha de um santuário ainda estava de pé, mas a vista através dela era agora um cenário desastroso composto de madeira quebrada e vigas derrubadas.
O Japão experimenta centenas de terremotos a cada ano e a maioria não causa danos, devido aos rigorosos códigos de construção em vigor há mais de quatro décadas. Mas muitas das construções no país são antigas, especialmente em comunidades de áreas rurais como Noto.
O país ainda guarda a lembrança do devastador terremoto de 2011, que desencadeou um tsunami, deixou cerca de 18.500 mortos ou desaparecidos e causou um desastre nuclear na usina de Fukushima.