J.D. Vance se sai melhor que Tim Walz em debate nos EUA – 02/10/2024 – Mundo – EERBONUS
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J.D. Vance se sai melhor que Tim Walz em debate nos EUA – 02/10/2024 – Mundo

Em um debate morno e estranhamente cordial para esta eleição, o candidato a vice de Donald Trump, J.D. Vance, conseguiu se sair melhor do que seu adversário, Tim Walz, e até do que o seu companheiro de chapa no embate com a democrata Kamala Harris no mês passado.

Os dois desviaram de ataques pessoais e concentraram-se nas propostas de seus candidatos, ressaltando em diversos momentos terem mais acordo do que divergências. Vance, porém, se mostrou mais seguro, incisivo e disciplinado nas críticas aos democratas, aproveitando para suavizar a imagem radical e arrogante associada a ele até agora, embora tenha desviado de diversas perguntas.

Já Walz teve um desempenho hesitante. Visivelmente inseguro em alguns momentos, ele deixou passar diversas oportunidades de colocar o adversário contra a parede, titubeou ao responder sobre inconsistências em sua biografia, e passou longe da postura brincalhona e espontânea que o alçou nacionalmente.

A exceção foi um momento no final do debate, organizado pela rede CBS, em que Walz pressionou Vance sobre a recusa de Trump de aceitar sua derrota para Joe Biden na eleição de 2020. O democrata questionou diretamente o adversário se ele concordava que o empresário perdeu o pleito. Vance não respondeu.

O momento foi o mais tenso em uma noite morna e cordial, ao estilo do Meio-Oeste —região de origem de ambos conhecida pelas maneiras extremamente educadas, a ponto de ser motivo de chacota no resto do país.

Mais impopular que Walz, ao menos até agora, Vance canalizou o jeitinho do Meio-Oeste como estratégia. Relembrou em diversos momentos sua origem pobre, o vício em drogas da mãe, a dificuldade da avó de pagar as contas, e mencionou mais de uma vez os filhos pequenos.

Consonante à performance polida, ele fugiu de repetir declarações radicais, como a acusação de que imigrantes estariam comendo pets ou de que o aborto deveria ser proibido nacionalmente. Modulando as posições para soar mais moderado, ele acusou estrangeiros de serem a razão pela qual o preço de imóveis disparou nos EUA, por exemplo, e disse que defende que mulheres tenham opções para além de interromper a gravidez.

Da sua parte, Walz repetiu a estratégia de Kamala de acusar Trump de ter derrubado uma reforma migratória negociada no Congresso, antecipando que a continuidade do problema poderia ser explorada por ele na eleição.

A diferença para a companheira de chapa foi acusar os adversários de desumanizarem e vilanizarem imigrantes, uma postura menos dura que a que Kamala tem defendido. “Culpar imigrantes por tudo… Sobre moradia, podemos falar sobre Wall Street tornar moradias menos acessíveis”, retrucou Walz.

O governador, porém, não conseguiu colocar Vance na defensiva, mesmo quando confrontado com a polêmica política do governo Trump de separar pais imigrantes de seus filhos. O republicano desviou da questão, argumentando, sem provas, que imigrantes estão associados ao tráfico de drogas e ao aumento da criminalidade que estaria separando famílias americanas.

Walz também tentou pressionar Vance ao citar a avaliação negativa que economistas fazem das propostas econômicas de Trump, sobretudo a ideia de impor tarifas de importação generalizadas. “Precisamos parar de escutar especialistas, não vamos resolver esses problemas prestando atenção no que eles têm a dizer. Temos que voltar ao senso comum”, retrucou o republicano. Walz perdeu a deixa e não rebateu a tese do republicano.

O debate aconteceu horas após o ataque de Irã a Israel, o que fez do conflito o primeiro tema da noite. Ambos defenderam Tel Aviv e não mencionaram as ações do aliado na Faixa de Gaza, onde mais de 41 mil palestinos já morreram em ataques de Israel, segundo autoridades de saúde locais, sob governo do grupo terrorista Hamas.

Ao fim do evento, Vance e Walz se cumprimentaram e conversam, apresentaram suas esposas, e deram risada —uma cena inédita na campanha eleitoral desse ano nos EUA.

Apesar do bom desempenho, é improvável que o debate entre os vices tenha algum impacto na corrida eleitoral americana. Nenhum dos dois foi tão bem ou tão mal a ponto de impactar a visão do eleitorado sobre seus companheiros de chapa, Donald Trump e Kamala Harris.

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