Altos funcionários da ONU fizeram um apelo em favor dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, dentre os quais 1,7 milhão foram deslocados desde o ataque do Hamas em Israel, em 7 de outubro. Os atos resultaram na morte de 1,2 mil israelenses e no sequestro de 240 reféns. Desde então, mais de 11 mil pessoas foram mortas no enclave sitiado.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a guerra já deixou um “número impressionante e inaceitável de vítimas civis”. Em um comunicado divulgado neste domingo ele reiterou o apelo por um cessar-fogo humanitário imediato. “Isso precisa parar”, destacou.
Direitos humanos
O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, também divulgou uma nota após os “eventos horrendos das últimas 48 horas em Gaza”. Ele se referia aos ataques a duas escolas administradas pela ONU no norte do enclave e a necessidade urgente de evacuar o hospital Al-Shifa.
Os locais, que antes forneciam serviços básicos, tinham sido convertidos em abrigos. Para Turk, o “assassinato de pessoas” nesses locais “desafiam as proteções básicas que civis devem receber sob a lei internacional”, enfatizando que não seguir essas regras pode constituir crimes de guerra.
De acordo com a agência da ONU para refugiados palestinos, Unrwa, que emitiu seu último relatório neste domingo, quase 884 mil pessoas deslocadas internamente estão abrigadas em 154 instalações de suas instalações nas cinco províncias da Faixa de Gaza.
Necessidades humanitárias
Segundo a Unrwa, em menos de 24 horas, dois colégios que abrigavam famílias deslocadas foram atingidos, deixando muitas vítimas. A agência também cita outros incidentes mortais em toda Gaza e na Cisjordânia enquanto crescem as necessidades humanitárias.
O chefe dos direitos humanos disse que esses ataques devem parar. “A humanidade deve vir primeiro”. Volker Turk adicionou que um cessar-fogo – por motivos humanitários e de direitos humanos – é desesperadamente necessário.
O líder da Unrwa, Philippe Lazzarini, afirmou em um comunicado no domingo que os ataques são “simplesmente cruéis”. Ele acrescentou que assistiu “com horror relatos do ataque à escola Al-Fakhoura, que servia de abrigo no norte de Gaza.
O ataque deixou pelo menos 24 mortos. Cerca 7 mil pessoas estavam na escola. Na sexta-feira, após bombardeios na escola Al-Falah/Zeitoun na Cidade de Gaza, ambulâncias não puderam chegar à escola, onde 4 mil pessoas estavam abrigadas.
Hospital Al-Shifa
As operações militares israelenses continuam dentro e ao redor do Hospital Al-Shifa, com funcionários da ONU que visitaram o local no sábado descrevendo o local como uma “zona de morte”.
No domingo, a OMS e parceiros humanitários ajudaram a evacuar bebês em condição crítica.
Pessoal médico, pacientes e civis haviam deixado o hospital durante o fim de semana, ordenados a fazê-lo pelo exército israelense, segundo o chefe da Urwa. Lazarinni acrescentou que centenas foram vistas seguindo para o sul a pé, correndo grande risco para suas vidas, saúde e segurança.
A OMS relatou no domingo que seis ambulâncias da Cruz Vermelha Palestina transportaram os bebês para o Hospital de Maternidade Al-Helal Al-Emirati, onde estão recebendo cuidados urgentes.
Sul de Gaza
De acordo com o escritório da ONU para os direitos humanos, na cidade do sul de Gaza, Khan Younis, as Forças de Defesa de Israel estão lançando panfletos exigindo que os moradores se dirijam a “abrigos reconhecidos” não especificados, mesmo com os ataques ocorrendo em toda Gaza.
Volker Turk destaca que, independentemente dos avisos, Israel tem a obrigação de proteger civis onde quer que estejam.