O primeiro aniversário do ataque do Hamas que disparou a guerra no Oriente Médio fez Israel decretar alerta para atentados terroristas. Manifestações no país estão diluídas devido aos riscos de segurança, enquanto na Europa milhares foram à ruas apoiar a causa palestina.
O confuso cenário se consolidou neste sábado (5), quando foram completados 365 dias da invasão de terroristas do Hamas a comunidades em torno da Faixa de Gaza, matando 1.170 pessoas e sequestrando 251. A guerra subsequente já matou, segundo os palestinos, 41,8 mil pessoas.
Segundo o porta-voz das Forças de Defesa de Israel, o almirante Daniel Hagari, as forças de segurança do país estão em alerta máximo para ataques na segunda (7), quando o primeiro aniversário do massacre será lembrado.
Mesmo a comemoração estará algo dispersa. O evento previsto para a noite deste sábado em Tel Aviv, que ocorre toda semana para protestar pela libertação dos reféns ainda em mãos dos palestinos, foi cancelado devido à diretivas de segurança em vigor desde que o Irã atacou Israel com mísseis na terça (1º).
Manifestantes acabaram se reunindo de forma ilegal, já que o governo não permite aglomerações com mais de mil pessoas. Imagens em redes sociais sugeriam algo como 2.000 manifestantes na cidade, que é a capital econômica do país.
O maior ato autorizado acabou ocorrendo no centro de Jerusalém, cidade em que o impacto da guerra é um pouco menos sentido. Lá, talvez 3.000 pessoas tenham se reunido numa marcha que desaguou na praça Paris. A Folha acompanhou o evento, que não registrou incidentes e foi contido —o resto da cidade acordava após dois dias de feriado e o shabbat (sábado de descanso), e logo cafés ficaram lotados.
“É uma vergonha temos de estar na rua para pedir o óbvio”, disse Moshe, um rapaz que disse ser primo de um dos reféns ainda em Gaza. O governo costuma apontar que há 101 reféns em poder do Hamas, ainda que essa conta inclua 4 que foram sequestrados antes. Desses, acredita-se que 64 estejam vivos.
Os manifestantes fizeram bastante barulho, com instrumentos de percussão e palavras de ordem em megafones, além de cartazes, bandeiras de Israel e outras amarelas, a cor de lembrança dos cativos. Binyamin Netanyahu, o premiê criticado por não costurar um acordo de soltura em favor de continuar a guerra, era o alvo principal.
Por outros motivos, Netanyahu também foi xingado em capitais europeias. Londres, palco usual desse tipo de ato, registrou uma marcha de 40 mil pessoas em favor da Palestina, dado o sofrimento imposto a Gaza. Movimentos semelhantes ocorreram em Paris e outras cidades.
“Eu não entendo. Eles defendem o Hamas? Nós não queremos que morram palestinos, mas não fomos nós quem fizeram o 7 de Outubro”, disse Moshe, replicando uma linha comum ouvida pela reportagem em 13 dias no Estado judeu.
Na segunda, eventos serão espalhados por kibutzim pelo país. Em Tel Aviv, o lançamento de um memorial à vítimas foi restrito a parentes dos mortos e sequestrados. Em comunidades do afetado norte, que foi alvo de mais de cem foguetes do Hezbollah no sábado, as restrições mais draconianas foram afrouxadas.
O premiê, por sua vez, divulgou vídeo no qual reclama a defesa do presidente francês, Emmanuel Macron, de um embargo de armas ofensivas a Israel. “Nós vamos ganhar com ou sem o apoio dele”, disse.