O gabinete de guerra do governo de Israel autorizou o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, a decidir quando e como vai retaliar o ataque com foguetes atribuído ao Hezbollah que matou 12 pessoas, incluindo crianças, nas Colinas de Golã neste sábado (27). A área pertence à Síria, e a ocupação de Tel Aviv é condenada por grande parte da comunidade internacional.
As Forças Armadas israelenses já conduziram um bombardeio aéreo neste domingo contra o sul do Líbano, mas não há informações sobre vítimas.
O Hezbollah, grupo armado do Líbano apoiado pelo Irã, negou a responsabilidade pelo ataque, que foi o mais letal contra Israel desde o de 7 de outubro de 2023, responsável por desencadear a guerra atual contra o Hamas na Faixa de Gaza.
Tel Aviv afirma que o foguete que matou civis no vilarejo de Majdal Shams é de fabricação iraniana, o que seria uma prova da autoria do Hezbollah. Mais de 40 mil pessoas moram na região das Colinas de Golã —metade são drusos, uma minoria etnorreligiosa que vive principalmente na Síria, no Líbano e em Israel. Majdal Shams é uma vila drusa, e não está claro se os mortos do sábado são cidadãos israelenses.
Israel prometeu uma retaliação “forte e dura” contra o Hezbollah, aumentando temores de que o conflito na Faixa de Gaza se espalhe pela região e leve a uma guerra total entre Tel Aviv, Beirute e grupos armados libaneses. Especialistas temem que um desdobramento assim poderia replicar em maior escala a destruição e morte de civis hoje vividas em Gaza —o Líbano tem mais de 5 milhões de habitantes.
Os Estados Unidos, aliados mais importantes de Israel, afirmaram neste domingo que o ataque nas Colinas de Golã partiu do Hezbollah e reiteraram seu apoio ao governo israelense. O secretário de Estado Antony Blinken disse que Tel Aviv “tem o direito de defender seus cidadãos, e estamos determinados a garantir que [Israel] esteja em condições de fazê-lo. Ao mesmo tempo, não queremos que esse conflito escale”.
“É muito importante que isso seja evitado, não apenas para impedir uma escalação, mas também porque tantas pessoas nos dois países já tiveram que sair de casa”, acrescentou Blinken. A guerra já forçou milhares de pessoas no Líbano e em Israel a se deslocar internamente. Tel Aviv já matou mais de 350 membros do Hezbollah e 100 civis na região, incluindo profissionais de saúde, crianças e jornalistas.
A vice-presidente e provável candidata do Partido Democrata à Casa Branca, Kamala Harris, disse através de um porta-voz que está monitorando a situação e que seu apoio à segurança de Israel é “absolutamente firme”.
Os EUA disseram que continuam envolvidos em esforços diplomáticos com israelenses e libaneses para encontrar uma saída diplomática que evite uma nova guerra. Escaramuças na fronteira têm acontecido quase diariamente nos últimos meses.
O governo do Líbano disse ter instado Washington a pressionar Israel no sentido de evitar uma escalação, dizendo também que a diplomacia americana solicitou a Beirute que faça o mesmo pedido ao Hezbollah.
O Irã, por sua vez, alertou Israel para que não “embarque em uma nova aventura” no Líbano, enquanto a Síria colocou a responsabilidade por uma escalação regional na conta de Tel Aviv.