O Escritório de Direitos Humanos da ONU na Palestina declarou estar horrorizado com o padrão de ataques israelenses a escolas em Gaza e uso de força letal na Cisjordânia.
Em nota divulgada na segunda-feira, a entidade afirma que as Forças de Defesa de Israel atacam unidades de ensino no enclave, onde palestinos deslocados estão abrigados.
Aumento de ataques
Bombardeios em pelo menos 17 escolas, somente no último mês, teriam matado pelo menos 163 pessoas, incluindo crianças e mulheres. Segundo o Escritório da ONU esse padrão sugere que os princípios de distinção, proporcionalidade e precauções na realização desses ataques não estão sendo cumpridos.
Além disso, o órgão alerta que esses ataques estão aumentando. No período dos últimos oito dias, pelo menos sete escolas foram atingidas. Os militares israelenses alegam que muitas dessas escolas estão sendo usadas por “agentes do Hamas”.
Segundo o Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, três escolas que abrigavam pessoas deslocadas foram atingidas em 48 horas, resultando em vítimas em massa, de acordo com a Defesa Civil Palestina.
Além disso, e entidade da ONU ressaltou que 63% das estruturas em Gaza foram danificadas até 6 de julho, incluindo mais de 10 mil estruturas recém-avaliadas como danificadas na cidade de Rafah.
Aumento de 300% na desnutrição
O Ocha também alertou que os casos de desnutrição detectados entre crianças no norte de Gaza aumentaram mais de 300% em julho em comparação com maio.
O bombardeio israelense por ar, terra e mar continua a ser relatado em grande parte da Faixa de Gaza, resultando em mais vítimas civis, deslocamento e destruição de casas e outras infraestruturas.
Incursões terrestres e combates pesados também continuam a ser observados, bem como disparos de foguetes por grupos armados palestinos em direção a Israel.
Em seu último relato à imprensa, o chefe do escritório do Ocha no Território Palestino Ocupado, Andrea de Domenico, enfatizou a necessidade de ampliar as operações humanitárias.
Ele disse que testemunhou nos últimos 300 dias “a exaustão física e psicológica absoluta de toda uma população”.
De Domenico observou ainda que, devido a fortes impedimentos de acesso e riscos de segurança generalizados, os esforços de ajuda em andamento continuam aquém das enormes necessidades em Gaza, que se tornou um “cemitério de crianças”.
Novas mortes de jornalistas
Em nota separada, a relatora especial* sobre liberdade de opinião e expressão, Irene Khan condenou nesta terça-feira o assassinato do jornalista da Al Jazeera Ismail Al-Ghoul e do cinegrafista Rami Al-Rifi em Gaza, em 1 de agosto de 2024.
Ela denunciou com veemência o “ataque deliberado por parte de Israel a dois jornalistas em Gaza, o que aumenta o já terrível número de repórteres e trabalhadores dos meios de comunicação social mortos nesta guerra”.
A especialista afirmou que “Al-Ghoul usava um casaco de imprensa claramente identificado quando um míssil lançado por um drone israelense atingiu o veículo”. Os militares de Israel confirmaram a morte do jornalista e acusaram-no de ser um agente do Hamas.
Irene Khan ressaltou que “os militares israelenses parecem estar fazendo acusações sem qualquer prova substantiva como licença para matar jornalistas, o que é uma violação total do direito humanitário internacional”.
O especialista observou que os jornalistas gozam de proteção como civis ao abrigo do direito internacional humanitário e que a sua perseguição deliberada constitui um crime de guerra.
* Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.