Protestos violentos tumultuaram o centro de Dublin, a capital da Irlanda, na noite desta quinta-feira (23), após um homem esfaquear três crianças e dois adultos em frente a uma escola mais cedo. A polícia não descarta a hipótese de terrorismo, mas não divulgou a nacionalidade ou outros detalhes sobre o agressor.
Uma menina de cinco anos e uma mulher de cerca de 30 sofreram ferimentos graves no ataque, e o agressor, que foi contido e espancado por pessoas que presenciaram a cena, foi detido pela polícia também com gravemente ferido. Outras duas crianças, um menino de cinco anos e uma menina de seis, sofreram ferimentos leves. As forças de segurança afirmam que não buscam por outros suspeitos.
O transporte público foi suspenso na cidade após confrontos entre a polícia e manifestantes que bradavam slogans anti-imigrantes na rua O’Connell, uma das principais da capital. Não houve identificação oficial de que o agressor era estrangeiro, mas a informação foi divulgada por grupos contrários à imigração.
Um ônibus de dois andares e um carro de polícia foram incendiados e janelas de um hotel e de um restaurante foram quebradas. Uma loja também foi saqueada.
“São cenas vergonhosas. Temos uma facção de lunáticos completos, hooligans impulsionados por uma ideologia de extrema direita envolvidos em violência grave”, disse o comissário de polícia, Drew Harris, a jornalistas. Cerca de 400 policiais foram enviados para a região.
“Há um grupo de pessoas, bandidos, criminosos, que estão usando esse ataque terrível para semear divisão”, afirmou a ministra da Justiça, Helen McEntee.
Protestos violentos são quase inexistentes em Dublin. Não há partidos de extrema direita ou políticos dessa ideologia eleitos no Parlamento, mas pequenos atos anti-imigrantes têm crescido no último ano. O governo está revisando a segurança em torno do Parlamento após um protesto recente que deixou os parlamentares presos no prédio.
O comissário de polícia afirmou que todas as linhas de investigação relacionadas ao ataque permanecem abertas, contradizendo um oficial que havia dito antes a jornalistas que a polícia estava satisfeita de que o incidente não tinha relação com terrorismo.
“Não vou especular mais sobre um motivo terrorista. Até termos certeza da razão do ataque, temos que manter a mente aberta sobre o porquê disso ter acontecido”, disse Harris.
“Foi um pandemônio completo, mulheres chorando, homens gritando e chorando”, disse Anthony Boyle, 31, um consultor de tecnologia da informação que mora na rua onde o ataque ocorreu e passava pelo local.
Os atos violentos no centro de Dublin começaram quando a cena do crime, que fica próxima da rua O’Connell, ainda estava sendo isolada pela polícia. Um grupo de cerca de 50 pessoas, algumas com bandeiras da Irlanda, rompeu uma barreira policial gritando “tirem eles daqui” e cometendo atos de vandalismo.
Um grupo maior nas proximidades começou a atirar objetos e soltar fogos de artifício contra policiais, momento em que os tumultos saíram de controle. A multidão começou a se dispersar por volta das 21h (18h no horário de Brasília).