O regime do Irã negou nesta segunda-feira (29) ter tido qualquer participação no ataque que matou três militares dos Estados Unidos e deixou vários outros feridos no nordeste da Jordânia. Na véspera, o presidente Joe Biden havia responsabilizado grupos apoiados por Teerã e prometido retaliação.
“As acusações foram feitas com objetivos políticos específicos para reverter a realidade da região”, afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Nasser Kanaani, à agência estatal Irna
Kanaani disse que as acusações de Washington são “infundadas” e parte de uma conspiração para envolver os EUA em uma nova guerra no Oriente Médio. Uma eventual ofensiva americana contra alvos do Irã, por sua vez, intensificaria de forma significativa o “ciclo de instabilidade” na região, acrescentou.
A morte dos militares ocorreu na noite de sábado (27) e marcou as primeiras baixas dos EUA na região desde o início da guerra entre Israel e Hamas, em outubro —antes disso, dois membros da Marinha do país morreram afogados, durante uma missão em um navio que buscava armas iranianas.
O incidente mais recente, portanto, representa um agravamento da crise no Oriente Médio —a região está em ebulição desde os atentados do Hamas no dia 7 de outubro, que mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel. A reação do Estado judeu em Gaza matou mais de 26 mil palestinos, segundo o grupo terrorista.
O Irã financia o Hamas e outros grupos inimigos dos EUA no Oriente Médio, entre os quais os houthis, do Iêmen, que passaram a atacar embarcações mercantes no mar Vermelho desde novembro passado em apoio ao grupo palestino. Mas Teerã tem evitado um confronto direto com os americanos, que chegaram a enviar porta-aviões à região em esforço para coibir novas ofensivas contra Israel. O porta-voz iraniano Kanaani disse que os chamados “grupos de resistência” não recebem ordens do regime.
O ataque que matou os americanos foi feito com drones e atingiu uma base da Jordânia perto da fronteira com a Síria. Menos de 48 horas depois, explosões foram registradas nos arredores de Damasco, a capital síria. As ofensivas foram atribuídas a Israel, o maior aliado dos EUA no Oriente Médio.
As informações sobre número e identidade das vítimas na Síria são desencontradas. As estimativas de mortes variam de duas, segundo a imprensa estatal iraniana, a sete, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos.
Em um primeiro relato do ocorrido, a Sana, agência síria de notícias, publicou em seu site que os mortos incluíam um “número não especificado de conselheiros iranianos”, mas a informação foi excluída do texto.
A agência de notícias Tasnim, do Irã, acusou Israel de atacar um centro de aconselhamento militar iraniano na cidade de Sayyida Zeinab, próxima de Damasco. Já o enviado de Teerã à Síria, Hossein Akbari, disse que não havia iranianos entre as vítimas.
No último dia 20, outro ataque atribuído a Israel contra Damasco matou cinco membros de elite da Guarda Revolucionária do Irã, incluindo o chefe e o vice da unidade de inteligência. Antes, as forças de Tel Aviv já haviam destruído infraestruturas, incluindo aeroportos, e instalações supostamente utilizadas pelas forças iranianas. Teerã disse que responderia às ações.
Embora os EUA tenham afirmado até agora que não estão em guerra na região, Washington tem realizado ofensivas contra alvos dos grupos houthis, em resposta aos ataques contra navios no mar Vermelho.
Desde o início do conflito em Gaza, as forças dos EUA foram atacadas mais de 150 vezes por grupos apoiados pelo Irã no Iraque e na Síria, causando ferimentos em 70 pessoas antes da ofensiva de sábado —a maioria sofreu lesões cerebrais.
As mortes na Jordânia ainda viraram munição na mão dos opositores de Biden, que consideram o ocorrido uma evidência do fracasso do presidente democrata em confrontar o Irã.