Irã diz ter prendido suspeitos de envolvimento em atentado – 05/01/2024 – Mundo – EERBONUS
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Irã diz ter prendido suspeitos de envolvimento em atentado – 05/01/2024 – Mundo

O regime do Irã disse nesta sexta-feira (5) ter prendido vários suspeitos de envolvimento nos atentados que mataram 84 pessoas e feriram outras 280 em uma cerimônia na cidade de Kerman, no sudeste do país. No mesmo dia, a população que compareceu ao funeral das vítimas clamou por vingança.

Centenas de pessoas em luto choraram sobre os caixões das vítimas após as duas explosões que foram reivindicadas pelo Estado Islâmico (EI). Imagens transmitidas pela televisão estatal iraniana mostram que a multidão gritou várias vezes a palavra “vingança” durante o funeral.

O EI disse na véspera que dois de seus membros detonaram cintos explosivos em meio à multidão que se reunia em um cemitério de Kerman, numa cerimônia para homenagear o general iraniano Qassim Suleimani, morto por um ataque com drone dos Estados Unidos em 2020. Os atentados, ocorridos na quarta (3), foram os mais sangrentos no país desde a Revolução Islâmica de 1979.

O ministro do Interior do Irã, Ahmad Vahidi, disse à televisão estatal que vários suspeitos foram presos, sem especificar quantos. “As competentes agências de inteligência do nosso país encontraram pistas muito boas sobre os elementos envolvidos nas explosões. Uma parte dos que tiveram participação foi presa”, afirmou ele.

O vice-ministro do Interior, Majid Mirahmadi, acrescentou que os suspeitos foram detidos em cinco cidades de cinco províncias. Eles teriam apoiado ou participado de forma direta das ações terroristas. Outros detalhes devem ser divulgados nos próximos dias, segundo a agência de notícias estatal.

O presidente Ebrahim Raisi disse em um discurso televisionado que as forças iranianas decidirão o local e a hora de agir. E o comandante da Guarda Revolucionária, o major-general Hossein Salami, emendou: “Nós o encontraremos onde quer que você esteja”, afirmou ele, referindo-se, sem mencionar nomes, a outras pessoas que estariam envolvidas no atentado.

O EI não divulgou as motivações para o atentado nem provas de autoria. O grupo é formado por extremistas sunitas que se opõem ao regime xiita do Irã.

A facção emergiu do caos da guerra civil na Síria na última década e assumiu vastas áreas do país e do Iraque em 2014. Três anos depois, o grupo, que executou milhares de pessoas em nome de sua interpretação radical do islã, foi derrotado por forças iraquianas e internacionais. Desde então os militantes remanescentes vivem escondidos, mas ainda são capazes de realizar ataques.

O atentado nesta quarta aumentou a tensão no Oriente Médio e o risco de um alastramento regional da guerra entre Israel e seus adversários, ora focada no embate entre Tel Aviv e o grupo terrorista palestino Hamas na Faixa de Gaza. Após os atentados os canais de televisão iranianos mostraram multidões reunidas em dezenas de cidades, incluindo Kerman, gritando: “Morte a Israel” e “Morte à América”.

Em outra ação que aumentou a instabilidade no Oriente Médio, os Estados Unidos promoveram um ataque com drone nesta quinta (4) para matar em Bagdá o chefe de um grupo pró-Irã baseado no Iraque.

Poucas horas depois, nesta sexta, o governo iraquiano anunciou a formação de um comitê para preparar o encerramento da missão da coalizão internacional liderada por Washington no país.

O anúncio foi feito pelo gabinete do primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani. “O governo está definindo a data para o início do comitê bilateral que tomará providências para encerrar permanentemente a presença das forças da coalizão internacional no Iraque”, disse em comunicado.

Os militares dos EUA lançaram o ataque de quinta em retaliação às ofensivas contra bases e postos militares americanos em território iraquiano, de acordo com o Pentágono. Os EUA têm 2.500 soldados no Iraque em missões que, segundo eles, têm como objetivo ajudar as forças locais a impedir o ressurgimento do EI.

Os grupos de milícia no Iraque alinhados ao Irã se opõem à campanha de Israel na Faixa de Gaza e consideram os EUA cúmplices de crimes de guerra que estariam sendo cometidos no território palestino.

Al-Sudani tem controle limitado sobre algumas facções apoiadas por Teerã, cujo apoio ele precisou para conquistar o poder há um ano e que agora formam um bloco significativo em sua coalizão de governo.

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