Imagens falsas de vítimas do furacão Helene alimentam desinformação nos EUA – EERBONUS
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Imagens falsas de vítimas do furacão Helene alimentam desinformação nos EUA

Imagens geradas por inteligência artificial mostrando supostas vítimas e a destruição causada pelo furacão Helene tomaram conta das redes sociais nos Estados Unidos, como destacou a Forbes no sábado (5). Duas delas, exibindo uma criança e um cachorro resgatados da enchente, ganharam mais destaque.

Nas fotos virais, a garota segurando um filhote aparece chorando após aparentemente ter sido resgatada em meio à enchente. Ela usa um colete salva-vidas e está em um barco saindo da área alagada, sendo possível visualizar outro barco com socorristas, atrás, em uma das imagens.

A imagem da garota e do cachorro fugindo do furacão Helene viralizou nos EUA.Fonte:  Forbes/Reprodução 

Diante da situação, não demorou para que essas imagens viralizassem, ganhando milhares de compartilhamentos e curtidas. Acreditando que elas eram reais, o senador de Utah, Mike Lee, as usou para criticar a administração federal, removendo a postagem no X após ser alertado da montagem.

Furacão mais mortal dos EUA desde o Katrina, em 2005, o Helene deixou um rastro de destruição por onde passou. Até o momento, mais de 200 mortes foram registradas e há uma grande quantidade de pessoas desaparecidas, além de cidades sem energia elétrica.

Imagens feitas por IA, segundo especialista

O viral chamou a atenção do especialista forense, Lars Daniel, que declarou o seguinte após analisar as duas imagens: “posso dizer com certeza que essas imagens emocionalmente evocativas são altamente editadas ou completamente falsas”. De acordo com ele, basta um olhar mais atento para descobrir os sinais de deepfake.

Em uma das fotos, a menina que fugia do alagamento causado pela passagem do Helene tinha um dedo a mais em uma de suas mãos, como observa o profissional. Este é um dos principais indícios de fotos geradas por IA, já que a tecnologia pode causar exageros do tipo, mesmo com todos os avanços.

Nesta variante da foto, a menina aparece com um dedo extra.Nesta variante da foto, a menina aparece com um dedo extra.Fonte:  Forbes/Reprodução 

Daniel destaca, ainda, que a cor do focinho do filhote de cachorro é diferente nas imagens, aparecendo em uma tonalidade clara em uma delas e mais escura na outra. O formato e a cor do barco também divergem nos dois conteúdos, reforçando a possibilidade de edição ou montagem.

Problemas com imagens falsas de desastres

A reprodução frequente de imagens feitas por IA pode reduzir a confiança do público em notícias e fontes de informação legítimas, de acordo com o especialista. Situações como essa relacionada ao furacão Helene ainda afetam a divulgação de atualizações importantes sobre desastres.

O contato com o conteúdo falso também traz impactos psicológicos sobre pessoas que inicialmente se sentem emocionalmente envolvidas com as supostas vítimas de tragédias. Ao descobrir que as imagens eram manipuladas, esses indivíduos acabam perdendo a capacidade de se envolver com crises reais, alerta o perito.

As ferramentas de deepfake ficaram mais poderosas com a IA.As ferramentas de deepfake ficaram mais poderosas com a IA.Fonte:  Getty Images/Reprodução 

Há, ainda, o risco do uso de deepfakes em ataques cibernéticos, pois muitas imagens manipuladas são acompanhadas de links de phishing. Ao clicar neles, o internauta pode ser induzido a fornecer dados pessoais ou enviar dinheiro para supostas campanhas de arrecadação para as vítimas.

As fotos geradas por IA também servem para reforçar teorias da conspiração e influenciar o debate político. Como destaca a Rolling Stone, as imagens falsas da menina com seu cachorro foram compartilhadas por apoiadores de Donald Trump para criticar uma suposta falta de ação de Joe Biden em relação ao furacão.

Prejuízos para as vítimas reais

Além disso, a disseminação dessas imagens afeta diretamente as vítimas reais do furacão Helene, como explica Daniel. Diante da desconfiança, muitas pessoas podem deixar de prestar assistência e de se envolver em campanhas de doação, ficando insensíveis ao sofrimento de terceiros.

“Em vez de se unirem para ajudar, elas podem questionar se a crise é tão ruim quanto parece, resultando em ação mais lenta e menos recursos para os necessitados”, alertou o especialista. Para ele, há riscos de que o aumento das deepfakes com IA cause grandes estragos nas futuras respostas a desastres.

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