A imagem de um “rato com pênis gigante” gerada por inteligência artificial generativa publicada por engano em uma revista científica na última terça-feira (13) viralizou nas redes sociais, reacendendo o debate sobre o uso da tecnologia no meio acadêmico. O material incluía outras imagens bizarras feitas por algoritmos, como relata a Vice.
Conforme a publicação, o conteúdo fazia parte do artigo “Funções celulares das células-tronco espermatogoniais em relação à via de sinalização JAK/STAT”, divulgado no periódico Frontiers in Cell Development and Biology. O estudo foi feito por cientistas chineses que usaram a ferramenta MidJourney para criar imagens.
Figura desproporcional gerada pela IA para o artigo científico.Fonte: Vice/Reprodução
Entre as fotos geradas pela IA generativa que foram parar na revista, a que mais chamou a atenção foi a do roedor com o membro gigantesco, de tamanho totalmente desproporcional ao seu corpo. Ela é acompanhada de palavras distorcidas como “testtomcels” e “iollotte sserotgomar cell”, igualmente criadas no MidJourney.
O artigo acadêmico trazia outras figuras estranhas geradas com o mesmo processo, apresentando inconsistências visuais e textuais publicadas mesmo passando por várias revisões. Em uma delas, diagramas de células mais se parecem com “pizzas alienígenas”, segundo o relatório.
Pedido de desculpas
Após as imagens criadas por IA viralizarem, a revista científica decidiu retirar o material do ar. A página do artigo agora traz um pedido de desculpas pela divulgação do conteúdo e cita que um dos revisores levantou dúvidas a respeito das figuras, solicitando aos autores que realizassem a revisão, mas não foi atendido.
“Pedimos sinceras desculpas à comunidade científica por este erro e agradecemos aos nossos leitores que rapidamente nos chamaram a atenção para isso”, escreveu a publicação. O estudo foi revisado por diversos pesquisadores na Índia e nos Estados Unidos e, mesmo com os erros, acabou publicado.
O uso de IA é permitido pela Frontiers, desde que a precisão dos fatos seja garantida pelos autores. Já em outras revistas do gênero, incluindo a Nature, ferramentas como o MidJourney são proibidas, com o objetivo de manter a integridade dos estudos.