O governo de Honduras anunciou, nesta sexta-feira (14), a construção de um megapresídio com capacidade para 20 mil detentos.
A medida faz parte de um pacote de ações que, chamado de “plano de solução contra o crime”, visa à redução do crime organizado no país, considerado um dos mais violentos do mundo.
O governo decretou estado de emergência no país em dezembro de 2022, suspendendo algumas das garantias da Constituição em uma tentativa de reprimir o aumento da criminalidade atribuída a gangues.
Honduras hoje tem cerca de 20 mil presos em 25 prisões. A construção da megaprisão entre os departamentos de Olancho e Gracias a Dios, na região menos povoada do país, poderia desafogar o sistema prisional do país, além de permitir novas detenções.
Outras medidas divulgadas pela presidente Xiomara Castro e os integrantes do Conselho Nacional de Defesa e Segurança em rede nacional nesta sexta incluíam realizar julgamentos coletivos e enquadrar crimes como narcotráfico, extorsão, sequestro, tráfico de armas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro como “terrorismo”.
Hector Gustavo Sanchez, que chefia a força policial nacional de Honduras, disse que uma lista de “autores intelectuais, líderes e membros de gangues” estava sendo distribuída e que a prisão imediata dos que constavam nela seria ordenada.
Por décadas, Honduras, assim como os demais países da América Central, foi tida como um corredor de escoamento de cocaína da América do Sul para os Estados Unidos. Nos últimos anos, contudo, autoridades do país hondurenho detectaram diversas plantações da droga no próprio território.
Tegucigalpa quer, desse modo, intensificar a investigação e as operações para a localização e destruição de plantações de cocaína e de maconha e de centros de processamento dessas drogas.
O endurecimento das regras de enfrentamento à criminalidade em Honduras parecem ter sido inspirados na estratégia de um de seus vizinhos na América Central, El Salvador, governado por Nayib Bukele.
Os dois países compõem, ao lado da Guatemala, o Triângulo Norte, uma das regiões mais violentas do mundo.
Bukele recebeu Castro assim que assumiu seu segundo mandato, no início de junho. O encontro aparentemente serviu para o presidente salvadorenho expor os êxitos de seu projeto para a segurança pública de seu país.
De caráter punitivista, ele ajudou a impulsionar a popularidade do líder e a reduzir as taxas de homicídios. O plano é, porém, acusado de fazer uso de abusos e violações dos direitos humanos por diversos grupos de ativismo internacionais.