“Chega de hipocrisia, Barça!”
Dessa forma um já tradicional grupo organizado de torcedores do Barcelona, Penya Almogàvers, que existe desde 1989, referiu-se à direção do clube catalão em postagem no X (antigo Twitter) nesta semana.
O motivo: o Barcelona, promotor e respaldador de iniciativas pelos direitos humanos, agiu de forma contraditória ao dar orientações, em tom preventivo, a torcedores que viajassem à Arábia Saudita para acompanhar a equipe na Supercopa da Espanha.
“Ao mesmo tempo em que apoia os direitos humanos, passa recomendações para a Supercopa na Arábia Saudita, país onde os direitos humanos não são respeitados”, disse o Penya Almogàvers em sua mensagem.
“Onde estão os valores do clube, Joan Laporta? Boicote a Supercopa”, acrescentou a torcida organizada, que tem como um de seus lemas acreditar “na igualdade entre as pessoas, independentemente de raça, gênero ou origem”.
Laporta é o presidente do Barcelona desde 2021 –também comandou a agremiação catalã de 2003 a 2010.
O recado do Barcelona acerca da Arábia Saudita, publicado em seu site, foi endereçado de forma geral e também específica, com menção ao público LGBTQIA+.
“Aconselhamos as pessoas a terem respeito e cautela quando se trata de demonstrações públicas de afeto. O comportamento indecente, incluindo qualquer ação de natureza sexual, pode levar a graves consequências legais para os estrangeiros.”
“As relações entre pessoas do mesmo sexo podem estar sujeitas a penas severas, bem como demonstrações abertas de apoio às causas LGBTI, mesmo nas redes sociais.”
No país do Oriente Médio, que abriga a Supercopa da Espanha pela quarta vez (a primeira foi em 2020), as relações entre pessoas do mesmo sexo são ilegais e sujeitas a punições.
Além da forte crítica registrada pelo Penya Almogàvers, o discurso do Barcelona foi recebido com maus olhos pela ONG (organização não governamental) Human Rights Watch, defensora dos direitos humanos em todo o mundo.
Para a HRW, nas palavras da americana Minky Worden, sua diretora de Iniciativas Globais, o contexto reforça que “atualmente não existe nenhuma estrutura de direitos humanos para torcedores, jogadores, jornalistas ou qualquer outra pessoa que viaje à Arábia Saudita para um evento esportivo”.
A Supercopa da Espanha é uma das estratégias que o riquíssimo país, produtor e exportador de petróleo, faz uso para aparecer globalmente na área esportiva –outra é a contratação por seus clubes de grandes nomes do futebol, como Cristiano Ronaldo (Portugal), Neymar (Brasil) e Benzema (França).
A Arábia Saudita sediará a Copa do Mundo de 2034. A próxima, em 2026, será nos EUA, no México e no Canadá, e a de 2030, na Espanha, em Portugal e no Marrocos, além de ter um jogo na Argentina, um no Uruguai e um no Paraguai.
A decisão da Supercopa acontece neste domingo (14), em Riad, com o superclássico Barcelona x Real Madrid, no estádio Rei Saud.
Nas semifinais, o Real passou pelo rival madrilenho Atlético (5 a 3) e o Barcelona derrotou o Osasuna (2 a 0). Na edição de 2023, cuja decisão teve os mesmos finalistas desta, deu Barça: 3 a 1.
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