Descoberto em 1895, o segundo elemento da tabela periódica é também o segundo elemento mais abundante no universo: o gás hélio! Apesar ser conhecido como o gás dos balões de festa, ele possui usos muito mais complexos em diversos tipos de tecnologia.
Da astronáutica à sua festa, esse gás versátil não é considerado uma fonte renovável, e tem passado por algumas crises de abastecimento no planeta, ocasionando percalços na indústria e nas pesquisas científicas.
Saiba mais sobre o gás hélio, suas propriedades, fontes de extração, usos e se ele representa algum risco para saúde humana.
O gás Hélio é o segundo elemento da tabela periódica.Fonte: Getty Images
O que é aquilo no Sol? Hélio um novo elemento
Em 1868, o astrônomo francês Pierre Janssen fez observações do Sol durante um eclipse solar total, na Índia. Durante o evento astronômico, ele observou que o astro mestre apresentava uma coloração amarelada em sua coroa solar, e supôs que esse evento poderia estar associado a outro tipo de elemento químico.
Joseph Norman Lockyer, cientista e astrônomo britânico, realizou observações similares as de Janssen, e acreditando que o “novo elemento” era um metal, o nomeou em referência ao Sol, primeiro lugar onde foi observado.
Em anos posteriores, outros cientistas chegaram as mesmas conclusões sobre a existência do hélio e demostraram que o mesmo fenômeno poderia ser visto não apenas no Sol, como também em vulcões, como descreveu Luigi Palmieri, em 1882.
Joseph Norman Lockyer, acreditando que o “novo elemento” era um metal, o nomeou em referência ao Sol, primeiro lugar onde foi observado.Fonte: Getty Images
No entanto, o elemento foi “medido” apenas em 1895, quando então, foi oficializada por Teodor Cleve e Nils Abraham Langlet, na Suíça e incluso na família dos gases nobres por Sir William Ramsay, em Londres.
Como o hélio é formado?
Ainda que seja o segundo elemento mais abundante no universo, o gás hélio está concentrado principalmente nos astros estelares. É no coração das estrelas que os núcleos de hidrogênio passam por uma reação chamada de nucleossíntese, que resulta na produção de hélio.
Em solo terrestre, ele é formado a partir do decaimento de elementos radioativos como Tório e Urânio, presentes na crosta. No entanto, o hélio possui uma densidade muito baixa, fazendo com que apenas parte desse gás fique “preso”, junto a outros gases em reservas naturais.
Por sua baixíssima densidade, o hélio presente na Terra pode escapar pela atmosfera.Fonte: Getty Images
Mas não pense que ele fica em suspensão “no ar”. Apenas uma porcentagem ínfima, aproximadamente 0,0005%, permanece em nossa atmosfera. O restante ultrapassa a barreira e volta para o cosmos.
Assim, a principal fonte de hélio para os diversos usos terrestres são provenientes do refino do gás natural. Há uma pequena parcela aventureira que tenta captar o gás diretamente do ar, no entanto, esse é um processo muito mais dispendioso e pouco eficaz.
Para quê serve o hélio?
O gás hélio é um dos poucos elementos capazes de ser resfriado próximo ao zero absoluto e ainda se manter em estado líquido (- 273,15 °C). Além disso, ele é inodoro, incolor e inerte, o que faz desse gás uma peça elementar para várias atividades de pesquisa, produção industrial e diversão, apesar de um grupo seleto achar que a diversão seja um desperdício de recurso valioso e não renovável. Concordo com eles.
Em astronavegações, o gás foi utilizado para o resfriamento de oxigênio nas missões Apollo, além de servir como protetor para sistemas e circuitos de satélites, ainda hoje. Hélio também inclui no seu currículo gasoso, usos científicos diretos em experimentos com campos magnéticos, criogenia e no acelerador de partículas (LHC).
O resfriamento por hélio pode ser utilizado em diversos sistemas, desde viagens espaciais, aceleradores de partículas e tecnologia médica.Fonte: Getty Images
Na indústria ele é utilizado como detector de vazamentos no ar condicionado de carros, soldagem a arco, lasers de hélio-neon, airbags e em fibras óticas. No campo da medicina, ele serve tanto para pesquisa como para sistemas de resfriamento de ímãs em máquinas de ressonância magnética. Ele também pode ser utilizado em cilindros de ar para mergulho, em uma mistura de 79 partes de hélio para 21 de oxigênio. GettyImages
Mas o que é a vida sem lazer? Um gás tão nobre, e de fato ele faz parte da família 18 da tabela periódica, os gases nobres, é corriqueiramente utilizado em balões de festa que se desamarram e alçam os céus deixando crianças em pranto.
Outra prática “recreacional” é aspirar o gás para que a voz saia mais fina. Contudo, ainda que o hélio não seja tóxico, o excesso de exposição pode causar problemas respiratórios, vermelhidão nos olhos, náuseas e dores de cabeça.
Hélio em crise
As principais fontes de hélio no mundo são provenientes dos Estados Unidos, Catar, Argélia, Rússia, Austrália e Canadá. Nos últimos anos, em decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, paradas programadas para manutenção e falhas na captação, refino e armazenamento, houve um desabastecimento no mercado.
Essa escassez gera diversas repercussões para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, parando processos por meses ou até anos. Essa crise foi experimentada no Brasil em diversas frentes, incluindo na manutenção de equipamentos médicos.
Devido às práticas de mercado, o preço do metro cúbico do gás disparou.Fonte: Getty Images
Como o gás hélio não é considerado uma fonte renovável, esse recurso tão valioso está sob constante análise para melhoramento dos processos de refino, armazenamento, transporte e estratégias mais eficazes para seus usos. Em alguns laboratórios, alguns equipamentos conseguem fazer uma “reciclagem” do hélio utilizado, recaptando o gás dissipado.
Porém, para alguns desses problemas, há uma substituição. Outros gases da tabela periódica conseguem emular as funções do hélio, como o argônio e o xenônio, no entanto, com algumas ressalvas, como, por exemplo, hiper-reatividade, interação com outros elementos e não podem ser tão resfriados quando o hélio.
Portanto, cuide desse gás que é a palha de aço (não divulgaremos marcas, mas você sabe qual é) com mil e uma utilidades da tabela periódica. Se você gostou do conteúdo, compartilhe a matéria em suas redes sociais. Até o Lítio!