A intensificação dos combates em Gaza resultou em ataques a duas escolas administradas pela ONU no fim de semana. Além disso, a situação dos civis continua piorando à medida que fortes chuvas atingem a região.
Nesta segunda-feira, a Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, descreveu a situação nos abrigos como “inviável”. Segundo a entidade, os habitantes de Gaza “não têm opções” de segurança.
Êxodo massivo
Desde os ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro, que causaram cerca de 1,2 mil mortes e quase 240 reféns, centenas de milhares de habitantes de Gaza fugiram para o sul, seguindo uma ordem de evacuação do exército israelense como parte das ações de retaliação.
Imagens de satélite do êxodo mostraram uma massa de pessoas se movendo por uma paisagem de edifícios destruídos e fotografias tiradas no nível do solo mostraram famílias carregando seus pertences a pé.
Em uma atualização no domingo, o diretor de Assuntos da Unrwa, disse a jornalistas que 13 locais da agência onde as pessoas estavam “abrigadas sob a bandeira da ONU” foram “diretamente atingidos” desde 7 de outubro.
White declarou que “inúmeros outros abrigos” sofreram “danos colaterais”, muitos deles no sul de Gaza, para onde os civis foram instruídos a fugir.
73 mortos em abrigos
O diretor da Unrwa disse que 73 pessoas foram mortas em abrigos até o momento, “uma grande proporção delas no sul”.
De acordo com ele, “a realidade é que os habitantes de Gaza não têm para onde ir por segurança e estão todos expostos à ameaça de combates e, particularmente, ataques aéreos”.
Mais de 880 mil deslocados internos buscaram abrigo em 154 instalações da Unrwa em todas as cinco províncias de Gaza. Dos 2,3 milhões de habitantes da região, 1,7 milhão estão deslocados.
Até o momento, 104 funcionários da agência da ONU foram mortos junto com pelo menos 11 mil pessoas em Gaza, de acordo com as autoridades de saúde.
Peso desproporcional para mulheres e meninas
Em nota separada, a relatora especial da ONU* sobre a Violência Contra Mulheres e Meninas, Reem Alsalem, afirmou que este grupo sofre um peso desproporcional do conflito em Israel e Gaza.
Segundo ela, “mulheres e meninas de todas as idades estão entre os reféns e mortos pelo Hamas, bem como entre os feridos e mortos pelo bombardeio indiscriminado de Israel à Faixa de Gaza”.
A relatora afirmou que desde 7 de outubro, “o ataque à dignidade e aos direitos das mulheres palestinas assumiu novas e terríveis dimensões, à medida que milhares se tornaram vítimas de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e um genocídio em desenvolvimento”.
Ela observou que, em 3 de novembro, cerca de 67% dos mortos em Gaza eram mulheres e crianças.
* Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.