A Guiana está “vigilante” após o referendo que a Venezuela fez no domingo (3) para reforçar sua reivindicação de soberania sobre o território de Essequibo, afirmou nesta segunda-feira (4) à AFP o ministro das Relações Exteriores do país, Hugh Todd.
“Temos que permanecer sempre vigilantes […] Embora não acreditemos em uma invasão, temos que ser realistas sobre o ambiente na Venezuela e o fato de que o presidente [Nicolás] Maduro pode fazer algo muito imprevisível”, disse Todd sobre a consulta, em que a maioria dos votantes apoiou a criação de uma província venezuelana em Essequibo, hoje controlado pela Guiana, e dar a nacionalidade a seus habitantes.
O plebiscito promovido pelo governo de Nicolás Maduro é uma antiga reivindicação da Venezuela. O território do país vizinho, de 160 mil km², é rico em petróleo e minerais.
A Guiana descobriu recentemente reservas de petróleo equivalentes a 10 bilhões de barris, maiores que as do Kuwait.
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O referendo foi convocado depois que a Guiana abriu um leilão de poços de petróleo naquela área, em agosto deste ano, o que desencadeou a ira de Maduro, devido à participação do gigante petrolífero americano ExxonMobil.
Nos últimos dias, o ditador venezuelano acusou o governo da Guiana de ser controlado pela petrolífera e de tentar “manchar, danificar, sujar, impedir” a realização da consulta popular.
A Guiana defende uma fronteira definida em 1899 por um tribunal de arbitragem e agora recorre à CIJ (Corte Internacional de Justiça), órgão judicial máximo das Nações Unidas, para validá-la.
A Venezuela, por sua vez, argumenta que o rio é a fronteira natural, como foi em 1777, quando era capitania geral do império espanhol, e apela ao Acordo de Genebra.
Um acordo assinado em 1966 (antes da independência da Guiana do Reino Unido) anula a decisão anterior e estabelece as bases para uma solução negociada, mas nunca houve um consenso sobre a fronteira.