O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta quarta-feira (27) que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, não é diferente de Adolf Hitler, e comparou os ataques das Forças Armadas israelenses na Faixa de Gaza ao tratamento dos judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Em um evento em Ancara, Erdogan também reiterou suas críticas ao apoio ocidental a Tel Aviv, acrescentando que a Turquia estava pronta para acolher acadêmicos e cientistas que enfrentassem perseguição devido a suas opiniões sobre o conflito em Gaza entre Israel e Hamas.
O líder turco afirmou que Netanyahu “é mais rico que Hitler” e “obtém todo o tipo de apoio dos países ocidentais e dos Estados Unidos”. Erdogan definiu Israel como um “Estado terrorista”, chamou Netanyahu de “açougueiro de Gaza” e considerou o Hamas, que governa o território palestino conflagrado, como um “grupo de libertação”.
Em seguida, Netanyahu respondeu ao presidente turco, a quem acusou de cometer genocídio contra a população curda e de prender jornalistas, dizendo que Erdogan é “a última pessoa que deveria pregar moral a nós”.
Não é a primeira vez que ele se utiliza de comparações com episódios e personagens do nazismo e do Holocausto, o assassinato de cerca de 6 milhões de judeus pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. No fim de novembro, Erdogan sugeriu, em evento em Berlim, que a Alemanha apoia Israel na guerra contra o Hamas por sentir culpa pelo Holocausto.
“A guerra israelo-palestina não deve ser avaliada a partir de uma mentalidade de dívida. Falo livremente porque não devemos nada a Israel. Aqueles que se sentem endividados com Israel não podem falar livremente. Não passamos pelo processo do Holocausto, não temos essa situação, porque nosso respeito pela humanidade é diferente”, afirmou Erdogan em uma entrevista coletiva conjunta com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz.
Anteriormente em novembro, o líder turco pediu uma conferência de paz internacional para encontrar uma solução permanente para o conflito entre Israel e palestinos. “O que precisamos em Gaza não são pausas de algumas horas, mas sim um cessar-fogo permanente”, disse na ocasião.
Em outubro, o presidente turco afirmou ao Parlamento de seu país que o Hamas não era um grupo terrorista. A fala provocou dura reação em Israel em um momento em que os dois países se reaproximavam —no ano passado, o presidente israelense, Isaac Herzog, visitou Ancara, e, em setembro, Erdogan encontrou-se pela primeira vez com Netanyahu, nos EUA.
A fala marcou o início de uma mudança de posição de Erdogan. Desde então, a poucos dias do início do conflito entre a facção terrorista e Israel, o presidente turco tem aumentado o tom de suas críticas a Tel Aviv e seus aliados ocidentais, posicionando-se como rival de Israel em meio ao conflito que devasta a Faixa de Gaza e já deixou quase 21 mil mortos no território, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Gaza, onde mais de 2,4 milhões de pessoas moram e cerca de 115 estão reféns do grupo terrorista, enfrenta falta de água, alimentos, medicamentos e combustível devido ao cerco de Tel Aviv. Quase 1,9 milhão de habitantes foi deslocado devido ao conflito, segundo as Nações Unidas.
Nesta quarta, cinco pessoas foram mortas em um ataque aéreo no distrito de Al-Maghazi, no centro de Gaza, disseram médicos, enquanto ao norte autoridades de saúde afirmaram que os corpos de sete palestinos mortos durante a noite chegaram ao Hospital Al-Shifa.
Em Rafah, cidade no sul do território onde muitos palestinos buscaram refúgio após um ultimato de Israel, centenas de pessoas foram à sede da companhia de água Abdul Salam Yassin na terça. Com baldes e garrafas, as pessoas entraram em uma fila para receber água potável.