O sistema de defensa antiaérea de longo alcance de Israel, conhecido como Arrow, ou Hetz, realizou um feito histórico militar ao interceptar um míssil fora da atmosfera terrestre, no dia 2, informa o jornal israelense Haaertz.
O míssil é um dos muitos que os rebeldes do Houthi, grupo terrorista pró-Irã, têm lançado nas últimas semanas a partir do Iêmen em direção a Israel — os dois países são separados por uma distância de aproximadamente 2.000 km.
Nunca uma batalha ocorreu além do limite de 100 km de altitude — conhecido como a linha de Kármán —, que separa a atmosfera da Terra do espaço, ressalta o jornal francês Le Figaro.
“O Iêmen entrou para a história como o primeiro país a iniciar o combate espacial”, escreveu no X (antigo Twitter) o analista Gregory Brew, do Eurasia Group.
A Força Aérea de Israel e o Exército se limitaram a dizer que o míssil iemenita foi acompanhado e abatido “no momento e local operacional mais apropriados”.
O vídeo abaixo mostra o instante da interceptação.
O míssil em questão seria um Qader, fabricado no Irã. Recentemente, disparos feitos pelos houthis têm chegado perto do sul de Israel, mais especificamente na cidade de Eilat.
De acordo com o projeto Missile Threat, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, o Arrow 2 foi desenvolvido, em uma parceria de Israel com os EUA, nos anos de 1990 e teve suas primeiras unidades implantadas em 2000.
O Arrow 2 é um sistema de defesa antimísseis que utiliza um propulsor de combustível sólido de dois estágios para alcançar velocidades de até Mach 9 (nove vezes a velocidade do som na atmosfera: 11,1 mil km/h).
O míssil mede 6,95 m de comprimento, tem diâmetro de 0,8 m e pesa 1.300 kg. Ele possui uma ogiva de fragmentação explosiva com aletas para direcionar a explosão na direção especificada pelo buscador do míssil.
Se o míssil não atingir o alvo diretamente, a ogiva explode a uma distância de 40 m a 50 m do local. O Arrow 2 possui dois buscadores — um radar ativo e um buscador de infravermelho produzido nos EUA — para navegação e acionamento da ogiva.
O sistema de comando e controle do Arrow 2 é capaz de rastrear e engajar 14 alvos ao mesmo tempo.
O radar Green Pine do sistema é uma matriz em fase 3D com aproximadamente 12 m de comprimento e 5 m de altura, com veículos separados de fornecimento de energia, refrigeração e comunicações.
Além da própria defesa, Israel conta com o apoio de navios dos Estados Unidos deslocados para o mar Vermelho.
No sábado (4), a Marinha informou que um grupo de ataque — composto do porta-aviões USS Dwight D. Eisenhower, do cruzador de mísseis guiados USS Philippine Sea, dos contratorpedeiros de mísseis guiados USS Mason e USS Gravely, do Destroyer Squadron 22 e do Carrier Air Wing 3, com suas nove esquadrilhas — havia chegado ao mar Vermelho, após cruzar o canal de Suez a partir do mar Mediterrâneo.
Na semana passada, os houthis ameaçaram atingir as instalações nucleares israelenses, na cidade de Dimona, no deserto de Neguev, no sul do país.
Em uma imagem compartilhada pelos houthis, o Centro de Pesquisa Nuclear Shimon Peres Neguev aparece no meio do desenho de um alvo com escritas em hebraico e em árabe em que se diz: “Não hesitaremos”.
“Dimona está ao alcance de nossos mísseis”, acrescentaram os extremistas.
Em grupos no Telegram, circulam fotos dos destroços de um míssil Quds al-Mujahid em uma área desértica no sul da Jordânia.
O foguete, lançado a cerca de 1.500 km, na costa do Iêmen, teria justamente como alvo as instalações nucleares israelenses no deserto de Neguev.
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