Cerca de 150 mil pessoas fugiram de Khan Younis em um único dia na segunda-feira após ordens de evacuação emitidas pelos militares israelenses. Funcionários humanitários da ONU afirmaram nesta quarta-feira que a pressão por comida, água e abrigos, todos cada vez mais escassos, está se intensificando.
De acordo com o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, cerca de 1,9 milhão de pessoas, nove em cada 10 habitantes de Gaza, foram deslocados à força desde 7 de outubro, incluindo pessoas que foram deslocadas repetidamente.
Apenas um quarto do combustível necessário
Para as agências de ajuda da ONU e parceiros, “a escassez de combustível continua prejudicando as operações humanitárias e colocando em risco o funcionamento das instalações de saúde, água e produção de alimentos”, de acordo com a agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa.
De acordo com a agência, apenas 24 caminhões transportando suprimentos humanitários entraram na Faixa de Gaza via Kerem Shalom, no sul, no domingo. No sábado, 46 caminhões chegaram ao norte de Gaza pela travessia de Erez.
Em junho quase 1,3 mil caminhões entraram no enclave, porém, o total de julho é de apenas 674, faltando apenas uma semana para o final do mês.
Além disso, no mês de julho foram recebidos cerca de 103 mil litros de combustível por dia, o que representa apenas um quarto dos 400 mil litros necessários para sustentar atividades humanitárias em Gaza.
Detenção de defensores de direitos humanos
Também nesta quarta-feira, a relatora especial da ONU sobre a situação dos defensores dos direitos humanos disse que as autoridades israelenses “continuam a atacar defensores dos direitos humanos” na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental. Mary Lawlor pediu a libertação imediata de dois defensores palestinos dos direitos humanos mantidos em “detenção administrativa”.
Omar al-Khatib e Diala Ayesh foram presos entre outubro de 2023 e março de 2024, de acordo com Lawlor. Ela disse em uma declaração que al-Khatib fez campanha contra a expulsão forçada de famílias palestinas do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém. Ainda segundo a relatora, Ayesh é uma advogada de direitos humanos que documenta as condições de detenção de prisioneiros palestinos detidos em Israel.
Eles e outros três ativistas foram “supostamente agredidos, espancados, humilhados, enviados de uma prisão para outra no espaço de um ou dois dias e obrigados a assinar documentos em hebraico que não conseguiam entender”, afirmou Lawlor.
A relatora enfatizou que “todos os cinco defensores dos direitos humanos foram presos sem mandado”, sem terem sido informados da razão para a detenção. Além disso, todos eles foram interrogados “sem a presença de um advogado” e o direito ao contato com as famílias foi negado.
Ataques após decisão da CIJ
O Ocha relatou que pelo menos 554 palestinos foram mortos entre 7 de outubro de 2023 e 15 de julho de 2024 na Cisjordânia. O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, disse que 143 crianças morreram no território, com uma média de uma criança morta a cada dois dias.
As vítimas palestinas incluíram pelo menos 539 mortos por forças israelenses e 10 por israelenses vivendo em assentamentos. Durante o mesmo período, 14 israelenses, sendo nove soldados e cinco colonos foram mortos por palestinos na Cisjordânia. Em Israel, ataques de palestinos da custaram a vida de oito israelenses e quatro palestinos.
A Unrwa relatou que após a divulgação do parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça, CIJ, em 19 de julho, ataques de israelenses residentes de assentamentos foram relatados contra comunidades palestinas em Huwwara e Burin, no norte da Cisjordânia, e em Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia.
A declaração do tribunal de que a presença contínua de Israel no Território Palestino “é ilegal” e que “todos os Estados têm a obrigação de não reconhecer” a ocupação, ocorreu após uma solicitação da Assembleia Geral da ONU.