Um novo relatório da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar, IPC, destaca que 86% da população da Faixa de Gaza enfrenta fome em nível de crise ou pior. São mais de 1,8 milhão de pessoas vivendo nessa situação.
A publicação apresentada esta quinta-feira em Jerusalém destaca a persistência desse risco mais de um ano após o início da guerra entre Israel e o grupo Hamas. A ameaça continua, mesmo com a diminuição observada no número de pessoas enfrentando o nível mais extremo de fome nos últimos meses.
Escala de cinco pontos
A autoridade internacional de especialistas foi criada em 2004 e envolve agências da ONU, organizações de ajuda, governos e outros grupos. A iniciativa fez vários alertas sobre a fome durante a guerra desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 ao sul de Israel.
Na escala de cinco pontos, cerca de 86% enfrentam a Fase 3 ou superior. Já na Fase 5, o nível mais alto, também conhecido como etapa de fome catastrófica, estão cerca de 133 mil pessoas, ou em torno de 6% da população. Antes do agravamento da guerra, quase um terço da população estava nesse estágio.
O documento realça que a situação pode piorar de forma rápida e com a possibilidade de que dobrem os níveis catastróficos de fome nos próximos meses.
O IPC enfatiza ainda a desaceleração verificada na ajuda das últimas semanas em período de início do inverno severo e chuvoso. O momento é marcado por duras condições em acampamentos lotados com pouca comida, água limpa ou banheiros.
Acesso da ajuda ao norte da Faixa de Gaza
Segundo o Programa Mundial de Alimentos, há duas semanas Israel cortou o acesso da ajuda ao norte ao lançar outra ofensiva. A comunidade humanitária disse ainda que o auxílio que entra em Gaza está em seu nível mais baixo em meses.
No norte da Faixa de Gaza vivem 400 mil pessoas, apesar de a maioria dos moradores ter fugido após alertas lançados no início da guerra.
De acordo com o relatório do IPC, as últimas ordens de evacuação “interromperam de forma significativa as operações humanitárias e os deslocamentos repetidos têm desgastado constantemente a capacidade das pessoas de lidar e ter acesso a alimentos, água e medicamentos, aprofundando a vulnerabilidade de comunidades inteiras”.