Enquanto os bombardeios israelenses seguem na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, aproximadamente 80 mil pessoas já deixaram a área desde segunda-feira. A informação foi divulgada pela agência da ONU para refugiados palestinos, Unrwa, nesta quinta-feira.
As equipes humanitárias da ONU relatam que a maioria dessas pessoas, desalojadas pelas ordens de evacuação militar israelense no leste da região, já havia sido deslocada de outras áreas de Gaza.
Busca por novos abrigos
A Unrwa estima que mais de 47,5 mil pessoas tenham deixado seus abrigos em Rafah somente na quarta-feira, com algumas famílias se aproximando dos abrigos da agência em Tel al-Sultan e Al Mawasi, no oeste do enclave.
Em uma atualização, a Unrwa destacou que houve intensificação de bombardeios no leste de Rafah desde o início da quinta-feira, persistindo ao longo da noite.
A escalada de violência ocorre simultaneamente aos alertas dos trabalhadores humanitários da ONU sobre a falta de assistência para as pessoas vulneráveis em Gaza, mesmo com relatos de reabertura da passagem de Kerem Shalom
Ajuda humanitária
O Escritório de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, afirmou nesta quinta-feira que suas equipes estão conversando com todos os envolvidos sobre a retomada da entrada de mercadorias, incluindo combustível, no enclave.
No entanto, a agência destaca que a situação segue instável e existem muitos desafios, além do conflito ativo. Assim, o escritório pede cooperação e facilitação para que as passagens voltem a funcionar, já que os estoques de suprimentos essenciais, incluindo combustível, estão se esgotando.
A passagem de Kerem Shalom foi fechada após um ataque mortal reivindicado pelo Hamas no último fim de semana. Ela fica próxima a Rafah, que é o principal ponto de entrada de ajuda em Gaza e está sob comando das forças israelenses desde terça-feira, atrasando um possível cessar-fogo.
Atrasos na ajuda ao norte
De acordo com o Ocha, mais de um quarto das missões humanitárias no norte de Gaza em abril foram impedidas pelas autoridades israelenses e 10% foram negadas.
Na quarta-feira, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, informou que havia chegado a Beit Hanoun, no norte de Gaza, “que estava inacessível há meses”.
Nas redes sociais, a agência disse que estava pronta para aumentar a assistência alimentar no norte de Gaza, mas que reverter seis meses de fome exige fluxos constantes de suprimentos de alimentos. O PMA lembra ainda que o acesso seguro e duradouro precisa ser mantido ao longo do tempo.