Dados citados pela Organização Internacional para as Migrações, OIM, revelam que desastres provocaram 32,6 milhões de novos deslocamentos internos em 2022, um número sem precedentes.
Na Cúpula do Fórum Global sobre Migração e Desenvolvimento, a diretora geral da OIM, Amy Pope, destacou a evolução no cenário dos deslocamentos, observando que, embora os conflitos tenham historicamente liderado os deslocamentos internos prolongados, os desastres emergiram como a principal causa nos últimos anos.
Mudança climática e deslocamentos
Na abertura do evento, nesta terça-feira, ela enfatizou a necessidade de ação para evitar a persistência desses deslocamentos. O encontro destacou o impacto das mudanças climáticas na mobilidade humana, refletindo uma das principais prioridades da OIM.
Amy Pope expressou otimismo ao reconhecer que a cúpula demonstra um entendimento encorajador do papel crucial desempenhado pelos migrantes, suas comunidades, diásporas e jovens na concepção e implementação de soluções duradouras para os desafios globais.
Sob a presidência do Governo da França, a cúpula, que encerra suas atividades nesta quinta-feira, reuniu mais de 1,2 mil representantes, abrangendo setores diversos, como sociedade civil, setor privado, governos locais e regionais, jovens, diáspora e membros da ONU.
Plano estratégico
Em suas observações, Amy Pope ressaltou que os seis temas abordados na Cúpula refletem de perto o recém-lançado Plano Estratégico da OIM. Ele abrange desde o impacto das mudanças climáticas na mobilidade humana até direitos e migração, diáspora, migração laboral, melhoria da percepção pública da migração e governança para a gestão da migração.
No leste e no Chifre da África, onde a Somália enfrenta uma das secas mais severas em décadas, o impacto da mudança climática já resultou no deslocamento de milhões de pessoas. Em resposta a essa crise humanitária acelerada pelas condições climáticas adversas, a OIM está atuando ao fornecer ajuda essencial às comunidades afetadas, incluindo abrigos, acesso a água limpa e segura, além de kits de higiene.
Nas Ilhas do Pacífico, a OIM está colaborando ativamente com governos e comunidades locais para fortalecer a preparação para desastres. Juntos, eles realizam avaliações de risco, implementam sistemas de alerta precoce e oferecem treinamento em procedimentos de evacuação. Além disso, a OIM está adotando uma visão prospectiva, investindo na preparação para lidar com o aumento do nível do mar e seus impactos na mobilidade humana.
Financiamento
Ainda nesta semana, a OIM lançou seu primeiro Apelo Anual Global para 2024, solicitando US$ 7,9 bilhões para apoiar suas operações e ajudar a criar um sistema que concretize a promessa da migração como uma força para o bem em todo o mundo.
O apelo busca financiamento para salvar vidas e proteger as pessoas que se deslocam, promover soluções para o deslocamento e facilitar caminhos seguros para a migração regular.
”A migração irregular e forçada atingiu níveis sem precedentes, apresentando desafios cada vez mais complexos”, declarou a chefe da OIM. Ela ressaltou que a evidência é esmagadora, indicando que a migração, quando bem gerenciada, desempenha um papel crucial na prosperidade e no progresso globais.
O financiamento total do Apelo Global possibilitaria que a OIM atendesse a quase 140 milhões de pessoas, abrangendo deslocados internos e as comunidades locais que os acolhem.
Além disso, o investimento permitiria uma expansão significativa do trabalho de desenvolvimento da agência, desempenhando um papel preventivo na tentativa de evitar mais deslocamentos. Este apelo reflete a urgência e a importância de uma abordagem abrangente para lidar com os desafios complexos associados à migração.