Fome é usada como tática de guerra no conflito sudanês, alertam peritos – EERBONUS
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Fome é usada como tática de guerra no conflito sudanês, alertam peritos

Mais de 25 milhões de civis que estão dentro ou fugindo do Sudão passam fome e precisam de assistência humanitária urgente devido à guerra entre as Forças Armadas Sudanesas, SAF, e as Forças de Apoio Rápido, RSF.

Em nota emitida esta terça-feira, em Genebra, cinco especialistas independentes das Nações Unidas* indicaram que a ajuda humanitária tem sido bloqueada em meio a uma época da colheita interrompida pelo conflito armado.

9 milhões de pessoas em fuga

A fome generalizada paira sobre o Sudão nos próximos meses, revela o grupo defendendo que nos 14 meses de confrontos “tanto a SAF quanto a RSF usam a comida como arma e matam civis de fome”.

Dimensões da fome e do deslocamento observadas no Sudão não têm precedentes

Os combates iniciados na capital Cartum, em meados de abril de 2023, se alastraram rapidamente por todo o país. Mais de 9 milhões de pessoas fugiram de suas casas para dentro e fora do Sudão, a maioria mulheres e crianças.

Nos últimos dias, centenas de milhares de civis ficaram sitiados e têm passado “fome e sede severas” por causa da falta de comida e água na sequência do cerco sobre a área de El Fasher.

Para os peritos, as dimensões da fome e do deslocamento observadas no Sudão não têm precedentes.

Urgência por um acordo de cessar-fogo

Ao solicitarem que as partes em conflito deixem de bloquear, saquear e explorar o auxílio, os especialistas também pediram urgência por um acordo de cessar-fogo imediato.

Para os especialistas, o “direcionamento deliberado de trabalhadores humanitários e voluntários locais” em ataques prejudicou as operações de ajuda, colocando milhões de pessoas em maior risco de fome.

Combates iniciados na capital Cartum, em meados de abril de 2023, se alastraram rapidamente por todo o país

Combates iniciados na capital Cartum, em meados de abril de 2023, se alastraram rapidamente por todo o país

Os especialistas declaram que os trabalhadores que oferecem resposta em nível local estão arriscando sua saúde e suas vidas ao atuar em linhas de batalha.

A nota ressalta que em 2019, o povo do Sudão optou por um governo civil e pelo reconhecimento de seus direitos por meio de uma revolução pacífica.  No entanto, essas esperanças abrandaram com um golpe e o “conflito atual alimentado por atores externos”.

Falta de fundos para o plano de resposta humanitária

A nota ressalta que governos estrangeiros que fornecem apoio financeiro e militar a ambas as partes neste conflito “são cúmplices da fome, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.”  

Mesmo com promessas interacionais, os fundos para o plano de resposta humanitária continuam baixos e insuficientes para atender às necessidades atuais.

O apelo aos doadores e governos, incluindo a ONU, é que reconheçam limitações do auxílio humanitário tradicional no contexto do Sudão e sejam “mais criativos dedicando mais apoio a organizações humanitárias que trabalham localmente”.

O grupo reconhece que apesar dos desafios estão operacionais algumas iniciativas de ajuda internacional de entrega de alimentos, particularmente na resposta a emergências, que servem milhões de refeições diariamente.

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.

FONTE

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