Hunter Biden desafiou nesta quarta (13) a intimação de republicanos para um depoimento a portas fechadas no Congresso. Em vez de comparecer à audiência, o filho do presidente americano preferiu falar com jornalistas nas proximidades do Capitólio, em um gesto interpretado como uma provocação.
Nos últimos dias, Hunter e republicanos vinham travando uma batalha se o depoimento seria público, como queria a defesa do filho de Biden, ou fechado, como determinou a oposição.
“Aqui estou eu, sr. Presidente [do comitê que o investiga], aceitando a oferta feita por você quando disse que poderia trazer as pessoas para depoimentos ou audiências, como elas preferirem. Bom, eu escolhi. Eu estou aqui para testemunhar em uma audiência pública hoje para responder a quaisquer perguntas legítimas do comitê”, afirmou Hunter, 53, a jornalistas.
Em seguida, ele disse que os republicanos não querem um “processo aberto no qual os americanos consigam ver suas táticas”. “Do que eles estão com medo? Eu estou pronto.”
Na visão da defesa, um testemunho privado poderia permitir que republicanos “vazassem de forma seletiva” ou distorcessem suas afirmações.
A oposição já respondeu que vai iniciar procedimentos contra o filho do presidente por desacato. Em nota, os deputados James Comer e Jim Jordan, que presidem respectivamente o Comitê de Supervisão e o Judiciário, afirmaram que Hunter desafiou uma intimação legal.
“Ele estava a meio caminho do Capitólio. Você pensaria que ele poderia ter vindo aqui e se sentado para responder às perguntas. Se você fizer isso em um formato público agora, você vai ver filibusters [obstruções], discursos, todo tipo de coisas,” argumentou Jordan em conversa com jornalistas.
No discurso nesta quarta, Hunter também negou que seu pai esteja envolvido financeiramente em qualquer um de seus negócios. “Não há provas que sustentem essas alegações”, disse, em resposta às suspeitas da oposição.
“Estou aqui hoje para garantir que as investigações ilegítimas da Câmara sobre minha família não prossigam com base em provas manipuladas e mentiras”, seguiu ele. “Estou aqui hoje para reconhecer que cometi erros em minha vida e desperdicei oportunidades.”
Hunter se tornou um complicador na campanha do pai pela reeleição após ser alvo de uma série de acusações criminais, algumas por fraude fiscal na semana passada. Segundo investigadores, ele deixou de pagar US$ 1,4 milhão (R$ 6,8 milhões) em impostos enquanto mantinha um estilo de vida luxuoso.
Ele já havia se tornado réu em setembro passado após uma apuração apontar que ele não informou que tinha problemas com drogas, como manda a legislação, ao comprar um revólver em 2018. Há a possibilidade, assim, de que seja julgado em dois casos diferentes.
Além desses processos na Justiça, um comitê formado pela oposição na Câmara investiga os negócios de Hunter com empresas estrangeiras, sob a suspeita de que ele usou o nome do pai, quando ele era vice-presidente de Barack Obama, para conseguir fechar acordos.
Segundo o Wall Street Journal, o filho do presidente teria usado o pai para obter vantagens na compra de uma participação em fundo de private equity chinês e em consultorias com um magnata do setor imobiliário romeno.
Republicanos acusam a família toda, inclusive o atual presidente, de terem se beneficiado financeiramente com isso. No entanto, as investigações até agora não encontraram nenhuma prova do envolvimento do democrata com as empresas do filho. A Casa Branca afirma que o processo tem como pano de fundo uma motivação política para atrapalhar a corrida pela reeleição em 2024.
Nesta quarta, a Câmara deve votar a formalização de um processo de impeachment de Biden. Em setembro, o inquérito foi aberto por decisão unilateral do então presidente da Casa, Kevin McCarthy. No entanto, como não houve chancela do plenário, a Casa Branca vem se negando a colaborar com a investigação. O objetivo da votação desta quarta, portanto, é forçar o governo a fornecer documentos e atender a outras solicitações da oposição.
Com Reuters e The New York Times