A diretora executiva do Fundo da ONU para Infância, Unicef, afirmou que as crianças em Gaza têm poucas opções de fontes confiáveis de água potável, crucial para a sobrevivência. Catherine Russell explica que a escassez deve aumentar o número de mortes entre os mais jovens, tanto pela privação como por doenças.
O alerta humanitário veio após mais de 10 semanas de bombardeios no enclave em resposta aos ataques terroristas do Hamas no sul de Israel. Na tentativa de escapar da violência, que impactaram fortemente a produção, tratamento e distribuição de água do território, mais de 1,4 milhão de pessoas em Gaza foram deslocados.
Modo de sobrevivência
Muitos buscam abrigo nas instalações da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, ou em locais próximos.
O Unicef afirmou que as crianças deslocadas na região de Rafah recebem apenas de 1,5 a dois litros de água todos os dias, e que os serviços de água estão “à beira do colapso”. Segundo a agência, apenas para sobreviver, o mínimo estimado é de três litros por dia.
Pelo menos 50% das instalações de serviços básicos de água e saneamento foram danificadas ou destruídas em Gaza. O Unicef alerta que o impacto dessa situação nas crianças era particularmente preocupante, pois elas são mais suscetíveis à diarreia, doenças e desnutrição.
Segundo a agência, já foram registrados oficialmente quase 20 vezes a média mensal de casos relatados de diarreia entre crianças menores de cinco anos, além do aumento de casos de sarna, piolhos, catapora, erupções cutâneas e mais de 160 mil casos de infecção respiratória aguda.
Esforços de socorro
Desde o início da crise, o Unicef e parceiros forneceram combustível para operar poços, estações de dessalinização, caminhões-pipa e gestão de resíduos e esgoto, juntamente com água engarrafada e recipientes de água para mais de 1,3 milhão de pessoas.
Mais de 45 mil galões foram distribuídos, juntamente com pelo menos 130 mil kits de higiene familiar, incluindo produtos de saúde menstrual e higiene e centenas de milhares de barras de sabão.
A agência da ONU destacou a necessidade de geradores para operar as instalações de água e saneamento, juntamente com tubulações plásticas para consertar a encanação danificada. Mas esses continuam sendo bloqueados de entrar em Gaza devido a “restrições de acesso”.
Pausa nos combates
O alerta humanitário ocorreu em meio a uma crescente pressão internacional por uma nova pausa nos combates na Faixa de Gaza, para permitir a entrada de mais suprimentos de ajuda para os mais vulneráveis. A primeira pausa durou de 24 de novembro a 1 de dezembro.
O comissário-geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, recentemente alertou que as pessoas estão desesperadas e faminta, enquanto postagens em redes sociais mostraram grupos de pessoas parando comboios de ajuda e removendo suprimentos.
“Em todo lugar que você olha, há abrigos improvisados. Em qualquer lugar que você vá, as pessoas estão desesperadas, com fome e aterrorizadas”, disse Lazzarini.
Citando as autoridades de saúde de Gaza, a Unrwa disse em seu último relatório sobre a crise que mais de 19.450 palestinos foram mortos nos conflitos de acordo com as autoridades de saúde e cerca de 70% são mulheres e crianças.