Pelo menos um terço das crianças vive em áreas expostas a uma escassez de água alta ou extremamente alta em todo o mundo. As alterações climáticas ameaçam piorar ainda mais a situação afetando cerca de 739 milhões de menores.
O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, lançou o relatório “A Criança Mudada pelo Clima” na preparação da 28ª Cúpula do Clima, COP28. O evento será realizado nos Emirados Árabes Unidos entre 30 de novembro e 12 de dezembro.
Vulnerabilidade
O estudo revela que em 2022, um total de 953 milhões de crianças estavam expostas a stress hídrico alto ou extremamente alto. Cerca de 45% estão em áreas com vulnerabilidade hídrica alta ou extremamente alta. O total deverá alcançar 988 milhões em 2050.
A agência aponta que a maior parte das crianças exposta a esta situação vive nas regiões do Oriente Médio, Norte de África e Sul da Ásia. Nessas áreas, os recursos hídricos são limitados e a disponibilidade reduz por causa do lençol freático ou risco de seca.
O documento recomenda aos líderes mundiais e à comunidade internacional que durante a COP28 tomem medidas essenciais com e em benefício das crianças. A meta é garantir um planeta viável enfatizando o grupo no documento final.
Outro pedido aos especialistas é que convoquem um diálogo sobre crianças e alterações climáticas, porque o grupo foi “ignorado ou amplamente desconsiderado” na resposta. Apenas 2,4% do financiamento climático dos principais fundos multilaterais para o clima apoia projetos infantis.
Degradação ambiental
As crianças em situação de fragilidade são as que mais sofrem os efeitos das alterações climáticas em comparação com os adultos. Para elas, os efeitos são desproporcionais em casos como catástrofes, degradação ambiental e crise climática.
O maior impacto dos desastres ocorre devido à poluição, a doenças fatais e aos fenômenos meteorológicos extremos. O Unicef destaca ainda que as crianças devem ser priorizadas na resposta global às mudanças do clima.
A previsão é que o número de países expostos a um nível de pressão hídrica alto ou extremamente alto aumente de 47 para 58 até 2080.
De acordo com as estimativas, a África Subsaariana enfrentará a maior mudança na demanda de água podendo a procura do recurso disparar cerca de 163% em relação aos níveis atuais.
A América Latina será a segunda região com maior escassez hídrica, com uma perspectiva de alta de 43% na demanda de consumo de água até 2080.