O ex-negociador nuclear Saeed Jalili, leal ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, avançou ligeiramente à frente do único candidato moderado no primeiro turno da mais incerta e crucial eleição presidencial no país desde que os radicais religiosos do aiatolá Ruhollah Khomeini tomaram o poder e fundaram a República Islâmica, em 1979.
Entre mais de 10,3 milhões de votos já contados, Jalili conquistou mais de 4,26 milhões, enquanto seu concorrente, o deputado Massoud Pezeshkian, obteve cerca de 4,24 milhões, informou o oficial do Ministério do Interior, Mohsen Eslami, à TV estatal do país.
Alguns informantes disseram que a participação foi em torno de 40%, abaixo do esperado pelos líderes clericais do Irã, enquanto testemunhas relataram à Reuters que os locais de votação em Teerã e algumas outras cidades não estavam lotados.
A agência de notícias Tasnim do Irã disse que uma eleição de segundo turno era “muito provável” para escolher o próximo presidente após a morte de Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero.
O pleito aconteceu 50 dias depois de o ultraconservador Raisi morrer em um acidente de helicóptero perto da fronteira com o Azerbaijão.
A eleição coincide com a escalada da tensão regional devido à guerra entre Israel e os aliados iranianos Hamas em Gaza e Hezbollah no Líbano, bem como a pressão crescente do Ocidente sobre o Irã devido ao seu programa nuclear de rápida evolução.
Embora seja improvável que a eleição traga uma mudança significativa nas políticas da República Islâmica, o resultado pode influenciar a sucessão do Aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, de 85 anos, no poder desde 1989.
A liderança clerical buscou uma participação eleitoral alta para compensar uma crise de legitimidade alimentada pelo descontentamento público com dificuldades econômicas e restrições à liberdade política e social.
Não se espera que o próximo presidente promova uma mudança significativa na política nuclear do Irã ou no apoio a grupos milicianos no Oriente Médio, uma vez que Khamenei tem a palavra final em assuntos de Estado.
No entanto, o presidente comanda o governo no dia a dia e pode influenciar o tom da política externa e doméstica do Irã.