Shigeru Ishiba, ex-ministro da Defesa e Agricultura do Japão, venceu nesta sexta-feira (27) a eleição interna para assumir a liderança do partido que governa o país, o PLD (Partido Liberal Democrático), e substituirá Fumio Kishida no cargo de primeiro-ministro.
Esta foi a quinta vez que Ishiba, 67, disputou a liderança do partido. Na votação, ele derrotou a atual ministra da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, que almejava ser a primeira mulher a governar o país. O processo para substituir Kishida foi iniciado em agosto, quando ele anunciou que renunciaria em meio a uma crise interna.
O futuro primeiro-ministro japonês disse que pretende melhorar a imagem do PLD, envolto em escândalos recentes, revitalizar a economia e afastar ameaças de segurança de países vizinhos, em especial a Coreia do Norte.
“Devemos ser um partido que permite que os membros discutam a verdade de maneira livre e aberta, um partido que é justo e imparcial em todos os assuntos e um partido com humildade”, disse ele em entrevista coletiva após vencer a disputa da legenda de centro-direita.
Nove candidaturas, um recorde, foram registradas para a disputa interna do PLD, abalado nos últimos meses por um caso de financiamento irregular.
Depois de anunciar sua vitória, Ishiba agradeceu aos apoiadores. “Farei o máximo para acreditar nas pessoas, para falar a verdade com coragem e sinceridade e para fazer deste país um lugar seguro, no qual todos possam viver com um sorriso no rosto novamente.”
Shigeru Ishiba já havia disputado o cargo em quatro oportunidades. Em uma delas, em 2012, foi derrotado pelo nacionalista Shinzo Abe, que se tornaria o primeiro-ministro mais longevo na história do país. Ele foi assassinado em 2022.
Fã de maquetes militares e dos ídolos pop dos anos 1970, Ishiba já foi titular das pastas da Defesa e da Agricultura e destaca a experiência de gestão como sua principal virtude.
O PLD possui ampla maioria no Parlamento, o que significa que Ishiba deverá ser eleito formalmente na próxima terça (1º).
Ishiba terá de lidar com as ameaças à segurança regional, com uma China cada vez mais firme em sua política externa e mais próxima da Rússia, além dos frequentes testes de mísseis da Coreia do Norte.
No âmbito doméstico, terá a missão de estimular a economia e atenuar os efeitos para as famílias da inflação e da desvalorização do iene, que encareceu as importações.
Ele enfatizou a necessidade de revitalizar o consumo na quarta maior economia do mundo para garantir que o Japão possa sair completamente de um longo período de estagnação econômica.
O futuro premiê também disse que pretende convocar eleição geral em breve, sem dar detalhes sobre uma votação que deve ser realizada nos próximos 13 meses.
DIPLOMACIA E GASTO MILITAR
A atual ministra da Segurança Econômica, Sanae Takaichi, em segundo lugar na disputa, vinha sendo apontada como a preferida da ala mais conservadora do PLD e era próxima de Abe, cujos seguidores ainda têm grande influência na legenda. O terceiro colocado foi o ex-ministro do Meio Ambiente Shinjiro Koizumi, surfista e filho do ex-premiê Junichiro Koizumi.
Os líderes do PLD permanecem no cargo por três anos e podem exercer até três mandatos consecutivos. Kishida, o atual e impopular premiê, não disputou a reeleição.
Durante seu mandato, Kishida adotou medidas para dobrar o gasto na área de Defesa, abrindo a porta para as exportações militares. O PLD almeja reformar a Constituição, pacifista, redigida após a Segunda Guerra Mundial.
Mas seu mandato foi marcado por escândalos, incluindo doações políticas não documentadas que fizeram a popularidade do partido despencar para níveis recordes, e também pela irritação dos eleitores com o aumento dos preços. Essa situação acabou culminando com a decisão de Kishida de deixar o cargo.