A parte do avião modelo Boeing 737 Max 9, da Alaska Airlines, que se soltou na semana passada em pleno voo, foi encontrada no quintal da casa de um professor de Portland, no estado de Oregon, nos Estados Unidos. A peça será analisada por especialistas que tentam entender as causas do incidente.
Trata-se do “principal componente que faltava” para as investigações, segundo o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA (NTSB), cuja presidente, Jennifer Homendy, disse ter ficado “muito aliviada” após a recuperação do material. O professor que o localizou foi identificado apenas como Bob.
“Nossa equipe vai querer examinar tudo —todos os componentes para ver as marcas […] e o formato do componente quando encontrado. Isso pode dizer muito sobre o que ocorreu”, disse Homendy.
A fuselagem se rompeu durante o voo na última sexta (5), obrigando a aeronave com 171 passageiros e 6 tripulantes a reduzir sua altitude e fazer um pouso de emergência. Imagens nas redes sociais mostram passageiros utilizando máscaras de oxigênio e um dos painéis da lateral esquerda do avião aberto. Não houve feridos, e relatos apontam que o assento ao lado do componente que se soltou estava desocupado.
O incidente ocorreu em um painel onde poderia estar instalada uma saída de emergência, do meio para a parte traseira da fuselagem. No entanto, na configuração de assentos utilizada pela companhia para aquele voo a saída de emergência havia sido desativada. O painel era uma janela com assento comum à frente —algo possível quando o modelo em questão é configurado com menos assentos.
Homendy descreveu o incidente como aterrorizante. “Eles ouviram um estrondo”, disse a especialista sobre os pilotos, que foram entrevistados pelos investigadores. Ela acrescentou que não foi possível recuperar a gravação de voz da cabine porque os dados foram sobrescritos —depois de duas horas, a gravação reinicia e os dados anteriores são apagados— e pediu mudanças aos órgãos reguladores americanos.
A mesma aeronave registrou alertas de despressurização nos dias 7 de dezembro, 3 e 4 de janeiro, mas ainda não está claro se há alguma conexão entre esses incidentes e o ocorrido no último dia 5. Após os problemas, a Alaska Airlines decidiu impedir o avião de fazer voos de longa distância, disse Homendy.
A companhia aérea sediada em Seattle comunicou anteriormente que as falhas no sistema de pressurização da aeronave eram típicas em operações de aviação comercial com aviões de grande porte.
A empresa disse que “em todos os casos, a advertência foi totalmente avaliada e resolvida de acordo com os procedimentos de manutenção aprovados e em total conformidade com todos os regulamentos aplicáveis da FAA [Administração Federal de Aviação dos EUA]”.
A Alaska Airlines anunciou após o incidente da semana passada que vai retirar temporariamente todos os seus 65 aviões 737 Max 9 de operação para realizar inspeções. Já a Boeing afirmou que está ciente do ocorrido e “trabalhando para obter mais informações”.
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou neste domingo (7) que o uso da aeronave Boeing 737 Max 9 está suspenso no Brasil. O veto imediato ao modelo foi decretado por autoridades dos EUA e também se aplica ao país sul-americano, disse o órgão do governo federal.