Adversária de Donald Trump nas primárias do Partido Republicano, a ex-governadora da Carolina do Sul Nikki Haley associou o ex-presidente ao caos em discurso de campanha nesta quarta-feira (17) e afirmou que os Estados Unidos “não sobreviverão” a quatro anos de um eventual novo mandato do correligionário.
“Não se vence o caos democrata com o caos republicano”, disse Haley, em referência a Trump e ao presidente Joe Biden, que podem reeditar a disputa pela Casa Branca ocorrida na última eleição. Ela discursava em comício na cidade de Rochester, no estado de New Hampshire, cujas primárias na semana que vem são consideradas fundamentais para a continuidade de sua campanha.
“Já votei duas vezes em Trump. Mas, seja justo ou não, o caos o acompanha. Não podemos ter um país em desordem, um mundo em chamas e passar por mais quatro anos de caos. Não sobreviveremos a isso.”
Haley, 51, começou a corrida eleitoral com poucas chances, mas aos poucos conquistou a simpatia de parte dos republicanos, o que lhe permitiu subir nas pesquisas e arrecadar fundos. Ela recebeu 19,1% dos votos e ficou em terceiro lugar no caucus de Iowa, ocorrido na segunda (15) e que abriu as primárias, atrás do governador da Flórida, Ron DeSantis (21,2% dos votos), e de Trump, que teve vitória acachapante com 51% da preferência dos eleitores.
A ex-governadora agora tenta ao menos se aproximar de Trump nas primárias de New Hampshire. Ela ainda precisa de um resultado melhor que DeSantis para se apresentar como a principal pré-candidata a enfrentar o ex-presidente.
As primárias de New Hampshire serão abertas a eleitores sem filiação partidária, o que pode beneficiar candidatos considerados menos radicais, como é o caso de Haley. Ela disse que terminou a disputa em Iowa com um “bom resultado”. “Era o que queríamos”, afirmou, apesar de a diferença entre os adversários superar os 30 pontos percentuais.
“Se ela tiver um bom resultado [New Hampshire], se ficar em primeiro ou segundo lugar, isso lhe dará impulso, entusiasmo e atenção às primárias em seu estado natal da Carolina do Sul, onde talvez possa mudar a dinâmica da disputa”, disse à CNN o governador republicano de Maryland, Larry Hogan, apoiador de Haley.
Nos próximos dias, a pré-candidata terá o desafio de convencer eleitores moderados ou indecisos para apresentar resultados também a seus doadores. Analistas dizem que, se ela não melhorar o percentual de votos em New Hampshire, alguns dos empresários devem cessar os investimentos em sua campanha.
“A montanha que ela tem de escalar é enorme”, disse ao canal CNBC o empresário Andy Sabin, que arrecada dinheiro para a pré-candidata.
Haley se tornou o alvo preferido de Trump nos últimos meses, como mostram suas últimas postagens na rede Truth Social. Em uma montagem fotográfica na plataforma, ela aparece vestida de Hillary Clinton, a democrata que o ex-presidente derrotou em 2016.
“Nikki Haley conta com democratas e liberais para se infiltrar nas primárias republicanas”, disse Trump em comício na terça. “Se ela vencer, Biden vence”, afirmou.
O ex-presidente é alvo de vários processos criminais e civis, algo que parece não abalar seus apoiadores. Por enquanto, ele alterna comícios com comparecimentos nos tribunais, como aconteceu nesta semana, com sua ida a um julgamento civil em Nova York para responder ao processo de difamação movido pela escritora E. Jean Carroll, que o acusou de abuso sexual.
Enquanto isso, em Washington, a Casa Branca pediu desculpas ao ex-governador do Arkansas Asa Hutchinson, por uma declaração de uma porta-voz do Comitê Nacional Democrata que zombava do fim de sua candidatura.
“A notícia é um choque para aqueles que poderiam jurar que ele já havia desistido”, disse a secretária de imprensa nacional do comitê, Sarafina Chitika, na terça-feira.
O chefe de gabinete da Casa Branca, Jeff Zients, ligou para Hutchinson e pediu desculpas em nome do presidente, disse a secretária de imprensa Karine Jean-Pierre. “O presidente Biden tem profundo respeito pelo governador Hutchinson e admira a corrida que disputou”, acrescentou ela.