Um vídeo com comentários inflamados de um dos líderes do acampamento de protesto estudantil na Universidade Columbia, em Nova York, começou a circular na internet na noite de quinta-feira (25), forçando a instituição a enfrentar mais uma vez uma questão que está no cerne do conflito espalhado pelos campi dos Estados Unidos: a tensão entre o ativismo pró-Palestina e o antissemitismo.
O estudante Khymani James, 20, diz no vídeo, gravado em janeiro, que “sionistas não merecem viver”, além de “seja grato que eu não esteja apenas saindo e matando sionistas”.
James fez os comentários durante e após uma audiência disciplinar com administradores de Columbia, que ele gravou e depois publicou nas redes sociais. A audiência, conduzida por um diretor associado do Centro de Sucesso Estudantil e Intervenção da universidade, concentrou-se em um comentário anterior que o estudante havia compartilhado na internet, no qual ele sugeria lutar contra um sionista. “Eu não luto para ferir ou para haver um vencedor ou um perdedor, eu luto para matar”, escreveu.
Um administrador de Columbia perguntou: “você vê por que isso é problemático de alguma forma?”, e James respondeu que não.
Os comentários foram amplamente compartilhados nas redes sociais e vão ao cerne de uma questão que tem girado em torno dos protestos nas universidades: quanto do movimento é impulsionado por uma preocupação sincera com o sofrimento dos civis de Gaza, e quanto é manchado pelo antissemitismo?
Administradores universitários prometeram ao Congresso americano que tomarão medidas rápidas contra ataques a estudantes judeus e ameaças antissemitas. “Eu prometo a vocês, pelas mensagens que estou ouvindo dos estudantes, que eles estão entendendo as consequências de violações das nossas políticas”, disse a reitora de Columbia, Nemat Shafik, a líderes congressistas na semana passada.
Nesta sexta (26), um porta-voz da universidade disse que “declarações violentas ou direcionadas a indivíduos com base em sua identidade religiosa, étnica ou nacional são inaceitáveis e violam a política da instituição”. Ele se recusou a dizer se James foi ou será punido pelos comentários.
Mais cedo, James se manifestou também nas redes sobre o vídeo. “O que eu disse estava errado”, escreveu. “Cada membro de nossa comunidade merece se sentir seguro.”
Ele acrescentou que fez os comentários em janeiro, antes de se envolver com o movimento de protesto, e que os líderes estudantis não endossaram as declarações. “E concordo com a avaliação deles”, escreveu.
James não respondeu a um pedido de comentário feito pelo jornal The New York Times. Não está claro quantos estudantes lideram o movimento de protesto em Columbia, mas James emergiu como um rosto conhecido das manifestações esta semana após participar de uma entrevista sobre as demandas que o movimento exigia da administração de Columbia.
“Este acampamento, uma demonstração pacífica liderada por estudantes, faz parte do movimento maior de libertação palestina”, disse James na entrevista. Em sua biografia na plataforma X, ele se autodenomina “anticapitalista” e “anti-imperialista”.
James foi criado em Boston e se formou na Boston Latin Academy, de acordo com uma entrevista de 2021 ao jornal The Bay State Banner. Ele disse à publicação que, em Columbia, planejava estudar economia e ciência política. “O destino final é o Congresso [dos EUA]”, afirmou.