Os Estados Unidos e a aliança militar que eles patrocinam, a Otan, afirmaram nesta quarta-feira (23) ter evidências da presença de tropas da Coreia do Norte na Rússia.
As alegações foram feitas inicialmente pela Coreia do Sul na semana passada. Segundo Seul, cerca de 3.000 soldados foram enviados para apoiar a guerra do Kremlin na Ucrânia, com mais reforços a caminho.
Em Roma devido a uma reunião ministerial do G7, grupo que reúne algumas das sete maiores economias do mundo, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disse que Washington ainda está tentando determinar qual será o papel dos norte-coreanos no conflito e se eles pretendem lutar ao lado de Moscou.
Mas, se for este o caso, “isso é uma questão muito, muito séria e terá impactos não apenas na Europa, como também no Indo-Pacífico”, prosseguiu o americano.
Questionado por repórteres sobre o que Pyongyang receberá em troca dos russos pelo envio das tropas, Austin respondeu que os EUA ainda tentam determinar isso também.
“Se essas tropas forem destinadas a lutar na Ucrânia, isso representará uma escalada significativa no apoio da Coreia do Norte à guerra ilegal da Rússia e mais um indício das perdas significativas russas na linha de frente”, fez coro Farah Dakhlallah, porta-voz da Otan.
Em Seul, parlamentares da Coreia do Sul afirmaram também nesta quarta que a ditadura de Kim Jong-un prometeu fornecer cerca de 10 mil soldados à Rússia. O número atual, de 3.000, é o dobro da estimativa divulgada na sexta-feira passada (18).
“Sinais de tropas sendo treinadas dentro da Coreia do Norte foram detectados em setembro e outubro”, disse Park Sun-won, membro de um comitê parlamentar de inteligência. “Ao que tudo indica, as tropas agora foram dispersas em várias instalações de treinamento na Rússia e estão se adaptando ao ambiente local.”
Outro integrante do Congresso sul-coreano, Lee Seong-kweun, disse que Pyongyang tenta suprimir a divulgação de informações sobre a mobilização, realocando e isolando famílias de soldados para controlar os boatos.
Além disso, a Rússia recrutou muitos intérpretes para treinar soldados norte-coreanos no uso de equipamentos militares como drones, ele afirmou. “Os instrutores russos estão avaliando que o Exército norte-coreano tem excelentes atributos físicos e morais, mas falta compreensão da guerra moderna, como ataques de drones. Portanto, pode haver muitas baixas se forem implantados nas linhas de frente.”
Com o aumento da tensão na região, autoridades sul-coreanas disseram na terça que não descartam a possibilidade de enviar armas a Kiev. Na mesma data, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, pediu a seus aliados que respondessem às evidências do envolvimento norte-coreano nos enfrentamentos.
A Rússia e a Coreia do Norte chamaram de falsas as alegações de Seul sobre as transferências de soldados e de armas entre os dois países. Eles assinaram um tratado de defesa mútua em junho.
A situação fez a Alemanha convocar um representante de Pyongyang em Berlim —o envio de tropas para Moscou fere o direito internacional.
A Guerra da Ucrânia começou quando a Rússia invadiu o país vizinho ao seu, em fevereiro de 2022. Em condição de anonimato, autoridades dos EUA dizem que o Exército russo registrou mais de 600 mil baixas no conflito, entre mortos e feridos. O Kremlin não divulga esses números.