Os dois principais aliados da Ucrânia na guerra contra a Rússia, Estados Unidos e Europa, já enviaram ao país cerca de 208 bilhões de euros (R$ 1,1 trilhão, na cotação atual), segundo dados do Kiel Institute for the World Economy, na Alemanha. A cifra representa a soma do PIB (Produto Interno Bruto) de 13 estados brasileiros.
Os recursos militares, financeiros e humanitários enviados pelo Ocidente à Ucrânia equivalem às riquezas produzidas em 2022 por Acre, Amapá, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte ao longo de todo o ano de 2022, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os países europeus e suas instituições são os maiores financiadores da Ucrânia nestes quase dois anos de guerra — destinaram cerca de 133 bilhões de euros (R$ 712 bilhões), segundo o instituto alemão.
Os Estados Unidos destinaram US$ 75 bilhões (R$ 368 bilhões) em ajuda aos ucranianos. Os dados mostram que 61% desse montante foi em suporte militar, principalmente armas e equipamentos, além de treinamento, por meio da Iniciativa de Assistência de Segurança à Ucrânia.
Apenas 4% dos recursos americanos foram direcionados à população para assistência alimentar de emergência, cuidados de saúde, apoio a refugiados e outras ajudas humanitárias.
Enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, demonstra disposição para continuar com a ofensiva militar, a Ucrânia teme que seus aliados diminuam os repasses.
“O fluxo de ajuda ocidental para a Ucrânia parecia incerto no final de 2023, uma vez que as novas medidas de financiamento ficaram presas em impasses políticos tanto nos Estados Unidos como na União Europeia”, afirma o Council on Foreign Relations, uma organização independente e apartidária sediada nos EUA.
Recentemente, o Congresso americano bloqueou um novo pacote de ajuda à Ucrânia solicitado pela administração Biden, no valor de US$ 61 bilhões (equivalentes a R$ 301 bilhões na cotação atual). Um grupo de legisladores republicanos condiciona a liberação a importantes mudanças na segurança das fronteiras dos Estados Unidos.
As críticas dos republicanos são vocalizadas em seu principal representante, o ex-presidente Donald Trump, que deve enfrentar Biden em uma revanche da disputa presidencial no próximo ano.
Quando a Câmara aprovou um pacote de ajuda de US$ 40 bilhões (R$ 196 bilhões) em maio deste ano, Trump se manifestou.
“Os democratas estão enviando mais US$ 40 bilhões para a Ucrânia, mas os pais da América estão lutando até para alimentar os seus filhos”, disse.
Nesta semana, Putin ironizou a situação no país vizinho. “Hoje, a Ucrânia praticamente não produz nada. Eles estão tentando salvar algo, mas produzem quase nada, tudo é trazido [de outros países] de graça. Mas essa gratuidade pode acabar um dia. E aparentemente está acabando aos poucos”, afirmou durante uma entrevista coletiva em Moscou.
O russo salientou que a economia de seu país está sólida, apesar de sanções econômicas impostas pelo Ocidente desde o início da guerra. As vendas internacionais de gás natural e petróleo têm garantido recursos para financiar a ofensiva militar.
Zelensky busca mais dinheiro
O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, por outro lado, continua seus esforços para garantir que a Ucrânia tenha meios de manter suas tropas ativas, após uma contraofensiva considerada fracassada por oficiais do Ocidente.
Ele visitou, também nesta semana, Washington, onde se encontrou com Biden e com congressistas, na tentativa de convencê-los a aprovar o pacote da Casa Branca.
Ainda na capital americana, o mandatário reuniu-se com a diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva.
Horas antes, a organização havia aprovado um novo empréstimo de US$ 900 milhões (R$ 4,4 bilhões), totalizando um financiamento de US$ 4,5 bilhões (R$ 22 bilhões) neste ano ao país.
Em seguida, Zelensky viajou à Noruega, país que é o quarto maior financiador militar da Ucrânia — desde o início da guerra foram 3,6 bilhões (R$ 19,3 bilhões), segundo o Kiel Institute.
Em Oslo, participou de encontro com o presidente do Parlamento norueguês, Masud Gharahkhani, no qual ouviu o compromisso de um plano plurianual de ajuda.