Os Estados Unidos afirmaram nesta terça-feira (20) discordar da comparação feita presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre a campanha militar de Israel na Faixa de Gaza ao Holocausto perpetrado pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
“Obviamente, nós discordamos destes comentários. Temos sido muito claros em que não acreditamos que o que tem ocorrido em Gaza seja genocídio”, afirmou a jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chega nesta terça ao Brasil para reunião com Lula, em Brasília, e encontro de ministros do G20, no Rio de Janeiro. Miller evitou adiantar tópicos que seriam discutidos entre Blinken e Lula.
O presidente brasileiro comparou a ação israelense no território palestino ao extermínio de judeus na primeira metade do século 20 durante fala em reunião da União Africana, em Adis Abeba, no domingo (18).
A declaração foi amplamente rechaçada por Israel, que tem nos EUA seu principal aliado em meio ao conflito. O premiê Binyamin Netanyahu disse que Lula “cruzou a linha vermelha”, e Israel declarou o petista “persona non grata”.
Além disso, o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, foi chamado para advertência pela chancelaria israelense —fora do protocolo, no entanto, no Memorial do Holocausto em Jerusalém, o que foi classificado por um diplomata brasileiro como “show”. Meyer foi chamado de volta, e o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, convocou o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para uma reunião.
Apesar da crise instalada, aliados e auxiliares avaliam que Lula não deve se desculpar pela comparação e que Israel quer aumentar a dimensão da crise com as ações tomadas após a declaração do presidente brasileiro.
Ainda nesta terça, os EUA vetaram pela terceira vez uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas para um cessar-fogo entre Israel e Hamas. A primeira vez em que exerceu seu poder de veto como membro permanente em deliberação sobre o tema foi por ocasião de texto proposto pelo Brasil, em outubro passado.
O país, no entanto, trabalha em versão alternativa de resolução, ainda sem data de votação, na qual deve sugerir uma trégua temporária e se opor à invasão da cidade de Rafah por Israel —lotado, o local concentra os deslocados internos pelo conflito.