Em meio à violência contínua no Haiti, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, expandiu a assistência alimentar, alcançando mais de meio milhão de pessoas desde o início da atual crise, em março deste ano.
O PMA distribui alimentos a comunidades vulneráveis, incluindo refeições quentes para pessoas que vivem em abrigos temporários na capital Porto Príncipe afetadas pelo conflito, desembolsos em dinheiro e refeições escolares.
Risco de esgotamento da comida
Na quinta-feira, a agência entregou 19 mil refeições quentes para pessoas deslocadas na capital. Em outras províncias, 200 mil crianças receberam merenda escolar.
Apesar dos esforços para priorizar as compras de alimentos de produtores locais, o PMA teme que seus estoques de alimentos corram o risco de esgotar até o final de abril. A agência só tem comida suficiente no país para alimentar 175 mil pessoas durante um mês.
O fechamento do principal porto e aeroporto do Haiti, em Porto Príncipe, há cerca de um mês, interrompeu o fluxo de suprimentos para a nação caribenha.
O diretor nacional do PMA no Haiti, Jean-Martin Bauer, afirmou que está sendo feito todo o possível para alcançar as pessoas mais vulneráveis, “mas no ritmo atual estoques de alimentos vão acabar até o final de abril”.
Impedimentos no transporte
Ele afirmou que é preciso que o porto da capital “reabra imediatamente para trazer novos suprimentos”. O especialista ressaltou ainda a importância do “acesso desimpedido” ao transporte de alimentos em todo o país para garantir a continuidade dos programas de assistência.
O Fundo das Nações Unidas de Populações, Unfpa, também está atuando no Haiti com ajuda em saúde reprodutiva, apoio a serviços de proteção e fornecendo kits de higiene em locais de deslocamento na capital através das suas clínicas móveis.
Desde o início de março, foram fornecidos mais de 4,6 mil kits de higiene. As mulheres e meninas deslocadas também receberam kits de dignidade que incluem sabonete, absorventes higiênicos, lâmpada solar e outros itens básicos pessoais.
O Unfpa oferece ainda apoio psicossocial remoto e informações sobre serviços contra a violência baseada no gênero através de uma linha direta gratuita operada pelos seus parceiros locais. Desde 29 de fevereiro, foram realizadas mais de 340 ligações.
95 mil pessoas fugiram da capital desde fevereiro
Muitas escolas permanecem inacessíveis devido à violência contínua. Algumas estão ocupadas por gangues, outras por pessoas deslocadas e algumas foram simplesmente saqueadas ou destruídas.
A Organização Internacional para as Migrações, OIM, afirmou que desde o final de fevereiro, devido à insegurança, cerca de 95 mil pessoas deixaram a área metropolitana de Porto Príncipe em busca de refúgio nas províncias.
A maioria dos deslocados se dirigiu aos departamentos do Grand Sud, região que já recebeu mais de 100 mil pessoas que fugiram da violência na capital nos últimos meses.