Está na hora de você se acostumar com a linguagem neutra – EERBONUS
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Está na hora de você se acostumar com a linguagem neutra

Por Andréa Migliori.

O tempo passa voando e as coisas mudam mais rápido ainda. Mal conseguimos entender que somos millennials, Geração X ou Baby Boomers e já estamos vendo duas novas gerações despontando, inclusive no mercado de trabalho.

A Geração Z já chegou com tudo, mas a Alpha vem logo atrás: crianças nascidas a partir de 2010 hoje são adolescentes e logo, logo estarão compartilhando muitos espaços conosco.

Quem quer ajudar a promover ambientes mais inclusivos precisa conhecer sobre a linguagem neutra, mesmo que rapidamente.

Isso significa que debates que se iniciaram anos atrás e continuaram ganhando força devem se intensificar ainda mais, agora, com o apoio de mais jovens. É o caso da linguagem neutra, ou neolinguagem: um conjunto de várias estratégias que tem como objetivo valorizar a diversidade, retirando o masculino do padrão obrigatório.

Este é um assunto que costuma fazer muitas pessoas torcerem o nariz logo de cara. É natural que exista resistência, como toda mudança social e estrutural tende a ter. Contudo, quem quer ajudar a promover ambientes mais inclusivos precisa conhecer o tema, mesmo que rapidamente.

Existe uma argumentação de que a língua portuguesa já inclui, no coletivo masculino, o feminino. Exemplo: se há 20 profissionais de engenharia, sendo 15 mulheres, ainda assim pode ser correto do ponto de vista gramatical dizer “os engenheiros”. Ninguém fala “as engenheiras”, mesmo que elas sejam maioria. Por conta disso, compreendo que há uma questão cultural por trás dessa regra e, conforme a cultura muda, as regras podem e devem ser revistas.

A ideia por trás das mudanças na língua é simples: o que falamos reflete quem somos. Por tempo demais, a sociedade inferiorizou as mulheres e nem mesmo reconheceu a existência de pessoas não-binárias.

Consequentemente, os idiomas que aplicam gênero nos pronomes (como é o caso do português e do espanhol) espelham esses posicionamentos arcaicos. É por isso que a busca por transformações faz parte de uma busca ainda maior, que inclui a visibilidade, o respeito e a integração de pessoas diversas em todos os aspectos da vida.

As propostas de mudança não são tão recentes quanto se pode imaginar. Na verdade, o uso de uma linguagem que equipara termos masculinos e femininos através da neutralização já vem sendo recomendado por instituições relevantes há tempos, como a Unesco (desde 1999), a Comissão Europeia (desde 2008), a Associação de Psicólogos da América (desde 2009), entre outras.

É por isso que, conforme os anos passam, este tópico se torna mais e mais relevante. Com as novas gerações, a tendência é que a aplicação da linguagem neutra aumente, bem como sua exigência em diversas instâncias.

Isso significa que você precisa alterar todo seu modo de falar e escrever do dia para a noite? Não, calma! Mas significa, sim, que é preciso haver intencionalidade para se adaptar. As mudanças são simples, mas exigem alguma dedicação. Várias pessoas especialistas se dispõem a ajudar – por exemplo com o manual publicado pela Frente Trans Unileira, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana.

Mas é ainda mais fácil começar a fazer a diferença hoje, mesmo sem estudar os sistemas de neutralização de pronomes ou algo do tipo. A mera mudança na estruturação das frases já pode tornar o discurso neutro. Ao invés de falar “os”, você pode falar de “pessoas”, o que já engloba todo mundo. Ou pode, ainda, fazer mudanças mínimas no texto, como trocar “dos profissionais” para “de profissionais”.

A transformação social acontece com cada atitude e isso vale para indivíduos e empresas. Ao se esforçar para criar uma comunicação neutra, você transmite a mensagem de que existe preocupação com diversidade e com todos os modos de ser.

Conforme as novas gerações ocupam mais espaços, todes nós podemos acompanhar as novidades. Ou podemos ficar para trás e observar as mudanças de cara fechada. De um jeito ou de outro, elas estão aí, batendo na porta, e não parece que vão embora.

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Andréa Migliori, CEO da Workhub, uma HRTech de soluções para portais corporativos, pioneira no segmento a incorporar inteligência artificial aos seus serviços.

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