Engenharia estelar: é possível ‘mover’ o Sistema Solar pelo Universo? – EERBONUS
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Engenharia estelar: é possível ‘mover’ o Sistema Solar pelo Universo?

A tecnologia humana está cada vez mais quebrando paradigmas que pareciam impossíveis no passado; não é à toa que a NASA e a Administração Espacial Nacional da China (CSNA) estão planejando enviar astronautas para ‘viverem’ em bases na Lua. Infelizmente, ainda estamos muito longe de realizar algumas missões. Por exemplo, ainda é uma incógnita se os humanos realmente chegarão à Marte nas próximas décadas.

Um dos objetivos da tecnologia espacial é compreender ambientes possivelmente habitáveis semelhantes à Terra. O bilionário e CEO da SpaceX, Elon Musk, já disse que um dos seus objetivos é possibilitar uma possível nova casa para parte da humanidade — seus planos envolvem Marte, mas pode ser que não aconteça tão cedo devido às condições extremas do corpo celeste. Em um caso extremo, talvez a solução para salvar a humanidade seja mover o Sistema Solar pelo universo.

Em um cenário hipotético, se uma rocha cósmica supermassiva estivesse se aproximando do Sol e fosse tão poderosa a ponto de destruir a estrela por completo, talvez a única solução para a sobrevivência da humanidade seria mover o Sistema Solar. Em outra situação menos provável, a Terra poderia ter sido descoberta por ‘alienígenas colonizadores do mal’ e, por isso, precisaríamos fugir deles.

Apesar de nenhuma dessas hipóteses ser real, alguns físicos já imaginaram cenários em que a humanidade precisaria mover o sistema para outra região do cosmos. E sim, teoricamente, isso seria possível.

Em um estudo publicado na revista científica Acta Astronautica, um grupo de cientistas sugere que seria possível utilizar uma tecnologia chamada Propulsor Shkadov. A ideia é uma homenagem ao físico russo Leonid Shkadov, que propôs um conceito de propulsão estelar que utiliza a energia da própria estrela para possibilitar a movimentação no espaço.

“Alterar a trajetória do Sol na Galáxia de forma controlável é de grande interesse potencial para a humanidade. Neste artigo, estudamos com algum detalhe como motores estelares de classe A ou classe C poderiam ser usados para esse propósito. Foi provado na ‘Seção 3’ que ambos os tipos de motores estelares fornecem praticamente a mesma força de impulso quando usados para mudar a órbita do Sol”, o estudo descreve.

Propulsão estelar: como mover o Sistema Solar?

O Sol é a principal estrela do nosso sistema e, por isso, é responsável por manter os oito planetas em uma órbita relativamente estável. Como é o maior objeto celeste do Sistema Solar, essa estrela massiva possui mais de 333 mil vezes a massa da Terra. Ou seja, não seria uma tarefa fácil movê-la pelo espaço.

Atualmente, a tecnologia enfrenta inúmeras dificuldades para mover uma nave espacial para fora da atmosfera da Terra; mover uma estrela massiva seria ainda mais complicado. Na escala de Kardashev, proposta pelo astrofísico russo Nikolai Kardashev, isso deveria ser possível em uma civilização do Tipo II.

A escala de Kardashev é utilizada para medir o grau de tecnologia de uma civilização em três tipos de categorias: I, II e III. Em resumo, a civilização do Tipo I seria capaz de aproveitar toda a energia de um planeta; a do Tipo II poderia capturar e utilizar a energia de uma estrela; enquanto a do Tipo III poderia utilizar toda a energia potencial de uma galáxia.

Apesar de ser uma ideia teoricamente viável, ainda não alcançamos o ponto tecnológico necessário para dominar esses conceitos.Fonte:  Getty Images 

Na categoria do Tipo II, a ciência poderia desenvolver um Propulsor Shkadov que usaria a energia da própria estrela para movê-la no espaço. Os cientistas precisariam colocar um espelho gigante e côncavo em frente ao Sol, que refletiria a radiação de volta à estrela para aumentar a temperatura da fotosfera e, assim, produzir impulso para a movimentação.

A velocidade desse movimento não seria tão rápida, mas em algumas circunstâncias específicas poderia alterar a posição do Sol em até 130 anos-luz. Há também a possibilidade de usar propulsores ativos, que utilizam sistemas de exaustão para mover o Sol; utilizando este método, os pesquisadores sugerem que a estrela se moveria durante 10 bilhões de anos.

“Os resultados obtidos em ambos os casos estão razoavelmente de acordo. São consideradas estratégias simples para mudar a trajetória do Sol. Para uma única revolução do Sol, o desvio máximo da órbita normal é da ordem de 35–40 pc (130 anos-luz). Assim, motores estelares do tipo aqui considerado podem ser usados para controlar, até certo ponto, o movimento do Sol na Galáxia. Contudo, dadas as limitações da tecnologia atual, esta solução ainda não é realista”, é descrito no estudo.

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