No sábado (8) à noite, assisti a Brasil x México, amistoso em College Station (Texas), preparatório para a Copa América nos EUA, que começa no dia 20.
Um jogo morno, no qual locutor e comentaristas da Globo passaram parte do primeiro tempo criticando o campo com dimensões reduzidas, poucos metros na largura e no comprimento. Pela TV, parecia igual, nada que merecesse tanta ênfase.
O melhor ficou para o final do segundo tempo, quando mais uma vez brilhou a estrela do jovem Endrick, 17, que deixará o Palmeiras neste meio de ano para se apresentar ao Real Madrid.
A seleção brasileira caminhava para desperdiçar uma vitória que parecia construída. Ganhava por 2 a 0 (gols de Andreas Pereira e Gabriel Martinelli) até mais da metade da segunda etapa, quando os mexicanos diminuíram. O empate saiu nos acréscimos, aos 47 minutos.
Porém, também nos acréscimos, aos 51 minutos, em cruzamento de Vinicius Junior, Endrick, que entrara 35 minutos antes, mandou a bola no canto esquerdo do goleiro Julio González, em bonita e certeira cabeçada perto da marca do pênalti.
Eleito o melhor jogador da partida, declarou com o prêmio nas mãos que “esse troféu não é só meu, é de toda a equipe”, em frase “agrada vestiário” de alguma humildade e nenhuma originalidade.
Era o terceiro gol dele em três partidas sob a direção do técnico Dorival Júnior, a primeira usando a camisa 9, geralmente dada a um jogador titular, um indicativo de que ele pode começar jogando na Copa América. (Eu acredito que Dorival escalará inicialmente um ataque com Raphinha, Rodrygo e Vini Jr.).
Em março, diante da Inglaterra (vitória por 1 a 0 em Londres) e da Espanha (3 a 3 em Madri), sempre saindo do banco, sempre de dentro da grande área, sempre com o pé esquerdo (o bom), Endrick vazou Jordan Pickford e Unai Simon, goleiros que já estiveram em Copa do Mundo, como titulares.
Assim, em jogos amistosos, ele saiu-se extremamente bem. Usou com primazia os minutos que lhe foram dados (cerca de 25 contra a Inglaterra, todo o segundo tempo contra a Espanha e 37 contra o México), fazendo o que se espera de um atacante: gol.
Há motivo para empolgação? Sim. Se Vini Jr., campeão europeu com o Real Madrid, é o grande astro da seleção, Endrick mostra imensa capacidade de decisão –os gols contra Inglaterra e México foram os da vitória.
Só que ele precisará demonstrar isso também em partidas válidas por competição.
Pouca gente se lembra de que Endrick atuou pelo Brasil na era do treinador interino Fernando Diniz (quando o Brasil ainda esperava por Carlo Ancelotti), em duas partidas pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, em novembro do ano passado.
Diante da Colômbia, em Barranquilla, entrou aos 37 minutos do segundo tempo. Contra a Argentina, no Maracanã, aos 27 minutos do segundo tempo. Vestindo a camisa 21, substituiu Raphinha nas duas vezes.
Não foram muitos minutos, mas nessas duas ocasiões ele fracassou no objetivo de fazer gol. O Brasil perdeu dos colombianos (2 a 1) e dos argentinos (1 a 0) e ficou em posição desconfortável no qualificatório.
Também quando se depositaram grandes esperanças em Endrick com a camisa amarela, ele falhou. No Pré-Olímpico da Venezuela, neste ano, o Brasil, com o camisa 9 como titular e principal nome do time, não conseguiu se classificar para os Jogos de Paris.
Com derrotas para Paraguai por 1 a 0 (Endrick perdeu um pênalti) e para a Argentina (1 a 0), a seleção brasileira, atual bicampeã olímpica, não obteve uma das duas vagas da América do Sul.
Então, vindo do banco em amistosos, Endrick tem sido grandioso, fabuloso, espetaculoso pela seleção brasileira. É bom, mas será preciso mais.
A Copa América está aí. Dorival, logicamente, precisa dar tempo em campo ao garoto. Quanto mais ele joga, mais chance tem de fazer gol.
Tendo esse tempo, Endrick deve mostrar que não é só um artilheiro de jogo que não vale ponto.
Potencial ele possui. Talento, idem. Resta fazer acontecer.
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