Recentemente, a Nintendo surpreendeu ao fazer um marketing diferente para o que parecia ser um novo jogo de terror. Logo se descobriu que o game se tratava de Emio – The Smiling Man, um título inédito da antiga franquia Famicom Detective Club, revivida no Nintendo Switch com dois remakes em 2021. Com uma boa mistura de mistérios e investigação, essa Visual Novel pode não ser game de terror que alguns esperavam, mas ainda é intrigante.
A Nintendo nos cedeu uma cópia e eu tive a oportunidade de desvendar os crimes de Emio – The Smiling Man recentemente. Você pode conferir a minha análise completa logo a seguir!
O clube de detetives voltou
Para quem não tem o contexto total, é importante saber que a franquia Famicom Detective Club ficou em hiato por quase 30 anos. Os dois primeiros jogos, The Missing Heir (1988) e The Girl Who Stands Behind (1989), não só ganharam um remake, como foram localizados para o ocidente pela primeira vez em 2021 no Switch. Já o terceiro jogo, Yuki ni Kieta Kako, provavelmente nunca terá o mesmo destino, já que foi transmitido por Satellaview apenas em 1997, o que torna acesso aos seus arquivos mais difícil.
A Nintendo foi bem esperta com o marketing de terror de Emio – The Smiling ManFonte: Nintendo/Reprodução
Como dá para imaginar, nunca se imaginou que a Nintendo fosse reviver a série além dos remakes, então é surpreendente ver Emio – The Smiling Man entre nós. O que não dá para dizer é que esse é um jogo para todos, como a maioria dos games do gênero Visual Novel. Caso tenha jogado seus dois antecessores, já sabe o que esperar, mas se nunca experimentou o Famicom Detective Club, pense em um Ace Attorney sem a parte do tribunal.
Em Emio – The Smiling Man, você jogará com um protagonista masculino (que você pode nomear) e Ayumi Tachibana, sua companheira de investigação. Os dois são detetives assistentes na agência de Shunsuke Utsugi, um veterano investigador particular. Os outros games trazem mais detalhes sobre o passado de nosso protagonista e os casos investigados previamente, mas não é um conhecimento necessário para aproveitar o novo jogo.
O que preciso dizer é que apesar dos remakes serem relativamente recentes, o novo game é bem mais caprichado em seus cenários, design de personagens, na sua interface e até mesmo nas animações que ocorrem de vez em quando. Se puder comprar apenas um dos três games da trilogia, eu diria para começar com Emio – The Smiling Man logo de cara.
Erros e acertos
O grande mistério da vez é a morte de um garoto de 15 anos, que foi encontrado com um saco de papelão em sua cabeça. O bizarro é que o saco possui um desenho de um rosto sorridente, algo que liga sua morte a assassinatos ocorridos 18 anos antes e a uma lenda urbana de um suposto assassino conhecido como Emio, o Homem Sorridente. Para acelerar a resolução do caso, a polícia pede o auxílio da agência de Utsugi e é aí que nosso trabalho começa.
Por se tratar de uma Visual Novel, você passará a maior parte do seu tempo lendo descrições, pensamentos dos protagonistas ou dialógos entre personagens. Felizmente, ele é todo dublado em japonês, o que ajuda a criar uma conexão com os personagens e os deixa bem mais carismáticos. A parte ruim é que tanta leitura pode ser um problema para muitos jogadores brasileiros, afinal, o game não foi traduzido para o português. Por isso, já fica o aviso: se não souber ler em inglês, você não vai entender ou tirar qualquer proveito de Emio – The Smiling Man.
É assim que as vítimas de Emio são encontradasFonte: Nintendo/Reprodução
Tirando esse defeito, eu gostei bastante do foco em investigação que o game possui, mas acredito que fãs de Visual Novels com mais elementos possam achar Emio – The Smiling Man bem mais lento e com menos variedade em comparação. Outra sensação comum é que você sempre tem que adivinhar quais ações diferentes precisa fazer para prosseguir, mesmo que elas não façam tanto sentido. Por exemplo, pode ser necessário clicar mais de uma vez no mesmo assunto de dialógo para esgotá-lo, clicar na opção de pensar sobre o assunto e depois clicar novamente no mesmo diálogo que já tinha esgotado anteriormente.
Isso ocorre com frequência e possui um contraste bem claro com jogos como Ace Attorney, que são mais diretos e cujos personagens te dizem tudo sobre um tópico quando você clica nele para conversar. Acredito que os desenvolvedores preferiram deixar o novo game em um molde mais parecido com os antecessores e isso resultou em mecânicas mais datadas ou que não fazem tanto sentido nos dias de hoje. Ainda assim, é algo com o qual você se acostuma eventualmente e aprende a pensar e agir da maneira que o jogo quer.
Quando isso acontece, acredito que o jogo se abre muito mais e se torna mais divertido. Eu realmente gostei do mistério envolvendo Emio, os assassinatos anteriores, a teoria da lenda urbana e todo o mistério envolvendo pessoas desaparecidas, suspeitos antigos e comportamentos estranhos por parte de NPCs aparentemente confiáveis. É nisso que Emio – The Smiling Man realmente brilha na minha opinião, algo que nem os defeitos podem ofuscar.
Um verdadeiro mistério
Após levar 11 horas para resolver o mistério de Emio – The Smiling Man, o meu maior problema é que ele deixou um gostinho de quero mais, me levando a acreditar que a franquia se beneficiaria bastante de jogos com mais casos em um único pacote, similar à Ace Attorney. Isso também ajudaria a justificar o seu preço salgado e a contar uma história mais complexa ao longo de diversos atos.
Fora isso, sei que os pontos negativos que eu mencionei ao longo da análise podem ser o suficiente para te afastar de Emio – The Smiling Man, mas há outros fatores que você precisa considerar no geral. É claro que se esse tipo de jogo não faz seu estilo ou se você não tiver como entender o texto, não dá para recomendá-lo. Só que se ainda estiver na dúvida, eu diria que vale a pena esperar uma promoção ou baixar sua demo na eShop.
Como eu amo jogos de Visual Novel, games com mecânicas de investigação e de mistérios no geral, a minha experiência foi bem positiva apesar dos problemas citados. Então, se você pensa de maneira parecida, eu diria que o título vale muito a pena, assim como os seus antecessores se quiser resolver mais casos e conhecer mais sobre os personagens fixos. No geral, eu diria que Emio – The Smiling Man é um bom acerto, mas que poderia ter se inspirado mais nas Visual Novels modernas do que em seu próprio passado.
Nota do Voxel — 85
Pontos positivos
- Mistério intrigante com algumas reviravoltas;
- Excelente dublagem japonesa;
- Personagens e cenários muito bem detalhados;
- Perfeito para quem ama jogos de investigação.
Pontos negativos
- Falta de tradução em português barra jogadores que não entendem inglês;
- Algumas mecânicas são datadas;
- Por ser um título inédito, poderia ter mais casos em vez de seguir o padrão dos antecessores.