O encarregado de negócios da Embaixada do Brasil no Equador, Afonso Neri, confirmou nesta quarta-feira (10) que um brasileiro foi sequestrado em Guayaquil, no sudoeste do território, em meio à onda de violência que assola o país latino-americano.
Segundo relato do diplomata, o cidadão em questão, Thiago Allan Freitas, tinha ido a uma concessionária de carros na terça (9) quando foi levado por bandidos. Logo em seguida, os filhos do brasileiro receberam uma ligação de vídeo do telefone do próprio pai em que ele aparecia com os olhos vendados e os bandidos pediam uma recompensa para liberá-lo.
Ainda de acordo com Neri, inicialmente, os ladrões pediram US$ 8.000 (cerca de R$ 40 mil). Depois, reduziram para US$ 4 mil (R$ 20 mil). A família enviou apenas US$ 1.200 (R$ 5.900), o que não teria satisfeito os criminosos, que o mantiveram preso.
O encarregado de negócios afirma que, ao que tudo indica, os sequestradores aproveitaram a onda de terror no Equador para raptar o brasileiro, mas não pertencem a facções de narcotraficantes que têm espalhado a violência no país.
Neri diz que a polícia equatoriana está empenhada em resgatar o brasileiro, e que ele mantém contato com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, que monitora a situação.
Segundo informações disponíveis nas redes sociais, Freitas trabalha em uma churrascaria brasileira em Guayaquil. A maior cidade do Equador é também centro das disputas entre traficantes dentro e fora das prisões, e viu a violência crescer rapidamente nos últimos anos.
Na terça, o Itamaraty informou que acompanhava a denúncia do sequestro, mantendo contato com a família e buscando apurar as circunstâncias do ocorrido junto a autoridades locais.
O governo brasileiro acompanha com cuidado o tema, mas a avaliação de diplomatas é de que a crise é, até o momento, uma questão interna do Equador, sem riscos de se alastrar para a região.
Na manhã desta quarta-feira, o presidente Lula (PT) se reuniu com o assessor especial da presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, e o chanceler Mauro Vieira no Palácio da Alvorada. Dentre os temas, abordaram a crise no Equador.
O Brasil apoiará declaração que está sendo redigida pela presidência do Chile no Consenso de Brasília, grupo de países da América do Sul. Integrantes do governo que tiveram acesso às discussões dizem que o texto será de apoio ao governo e ao povo equatoriano, em repúdio aos ataques criminosos, e desejando pronto restabelecimento da segurança pública no país.
Além disso, a nota do Itamaraty divulgada na véspera também foi resposta do governo brasileiro a um pedido do Equador. O país pediu, em nível diplomático, uma manifestação de apoio político do governo brasileiro.
Até o momento, essa foi a única demanda de Daniel Noboa, mas diplomatas esperam que o país ainda possa demandar outras formas de apoio e cooperação o governo brasileiro.
O Equador vive mais um momento de crise grave de segurança. Após a fuga da prisão do líder de uma das maiores facções criminosas do país, o presidente Daniel Noboa decretou estado de exceção nesta segunda (8).
A ordem foi, contudo, seguida de uma onda de terror ao longo do dia seguinte, com sequestros de policiais, explosões e a invasão de uma emissora de TV. Ao menos 13 pessoas morreram em decorrência de ataques criminosos.
Na própria terça, Noboa publicou novo decreto em que reconhece estado de “conflito armado interno” no país e classifica mais de 20 facções criminosas de terroristas. A medida ainda dá às Forças Armadas liberdade para usar instrumentos e métodos militares para lidar com a crise de segurança.